Golpe foi arquitetado por uma parte da elite política e empresarial do País, denuncia Humberto Costa

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O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou, da tribuna do Senado nesta terça-feira (30), que o golpe parlamentar em curso contra a presidenta Dilma Rousseff foi uma ação conjunta arquitetada por uma parte da elite política e empresarial do País. Segundo o senador, esses dois setores aproveitaram a deterioração do cenário econômico mundial e, aliados ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), insuflaram uma crise política que agravou o ambiente econômico nacional. O senador petista alertou que essa estratégia não é nova, e que em outros momentos da história brasileira já foi utilizada.  

“Dilma conduziu bem o Brasil nos quatro anos do seu primeiro mandato. Depois os ventos da economia sopraram em outra direção, a oposição não aceitou o resultado legítimo das urnas, atiçaram as ruas. Lá, na avenida Paulista, mais precisamente no endereço da Fiesp, onde o cidadão que utiliza a estrutura do Sistema S para construir sua vida política, foi um dos iniciadores desse processo de tentativa de cassação da Presidente”, relembrou Humberto Costa.

O senador também destacou que, logo após a vitória de Dilma nas eleições de 2014, esses dois setores passaram a trabalhar em conjunto com o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para sabotar politicamente o governo eleito nas urnas.

“Cunha operou para destruir Dilma. As propostas do ajuste fiscal foram todas rejeitadas. Quem sabe, se tivessem sido aceitas, hoje nós não precisássemos estar falando ainda em ajuste fiscal. Bancaram as pautas-bomba e apostaram na bancarrota do Brasil. Foi a crise política alimentando a crise econômica. Patrocinaram movimentos organizados com dinheiro dos partidos e de empresários para desestabilizar o Governo Dilma. Iludiram milhares de pessoas, que foram às ruas atrás de patos amarelos, que agora estão com sorrisos amarelos nas suas faces”, afirmou.

Segundo Humberto Costa, essa é a forma como age a elite brasileira. Ele lembrou que em outras ocasiões também foram criadas ou superdimensionadas crises para enfraquecer a democracia.   

“Estamos vivendo hoje nosso País a maior das farsas da história recente. Talvez equivalente aquele feito em 1937, e denominada plano Cohen, que ensejou o golpe que causou o Estado novo. Temos um golpe travestido de impedimento, cujo objetivo é tirar uma presidenta democraticamente eleita, e substituir o projeto que ela defende por uma política que já foi derrotada nas urnas quatro vezes seguidas”, destacou.

Ainda de acordo com o senador, no golpe de 1964 a elite política e empresarial brasileira também agiu da mesma forma.

“Eles pensam que a democracia existe para servi-los. Se a democracia não os serve, eles não querem mais a democracia, desprezam a democracia. São os mesmos que patrocinaram o golpe de 1964. É esse o sentido daqueles que patrocinaram também esse movimento de desestabilização de um Governo eleito. Mas, nós não podemos agir como se fôssemos verdadeiros cretinos parlamentares”, observou.

Ao apelar à consciência dos senadores, Humberto Costa argumentou que a Câmara Alta “não pode condenar Dilma por crimes que ela não cometeu”. Segundo ele, “seria uma vergonha para o parlamento brasileiro patrocinar um golpe parlamentar”.

“E não adianta ficarem irritados porque nós usamos a expressão ‘golpe’. Não somos nós apenas, é o mundo inteiro, é a opinião pública mundial, são os grandes órgãos da imprensa do mundo”, explicou.

Em resposta aos acusadores de Dilma Rousseff, o senador petista admitiu que o maior erro cometido pela presidenta foi ter convidado Michel Temer para compor a chapa na condição de vice-presidente.

“Dilma errou. Mas ela tem o atenuante de que não o conhecia. Foi traída e se arrependeu. Agora, vossas excelências, se votarem neste impeachment, vão eleger Michel Temer Presidente da República sabendo quem ele é. O que é um agravante. Portanto, não nos façamos aqui de desentendidos”, alertou Humberto Costa.

No final do pronunciamento, o senador pernambucano disse que os senadores “não podem entregar o Brasil a um usurpador que não tem o voto do povo, e que quer implementar no Brasil um projeto rejeitado pelo povo brasileiro”. 

“Ao invés de fazer isso, trazer a Presidenta Dilma, garantir a realização de um plebiscito e termos eleições diretas”, sugeriu.

Héber Carvalho

Foto: Divulgação

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