Centenas de manifestantes ocupam o lado esquerdo da Esplanada dos Ministérios para prestar solidariedade e apoio à presidenta Dilma Rousseff que, durante toda esta segunda feira (29), responderá ao questionamento dos senadores no julgamento do impeachment, realizado no plenário do Senado Federal. Mesmo enfrentando o sol e o calor, e sem nenhuma comodidade oferecida pelo governo do Distrito Federal – como banheiros químicos ou mesmo equipamento de som para ouvir a sessão – os manifestantes em defesa da democracia acompanham por rádios portáteis ou via celular o julgamento, ao mesmo tempo em que gritam palavras de ordem e exibem cartazes em defesa da presidenta Dilma.
Um grupo de mulheres, do coletivo Rosas pela Democracia, também participa da manifestação e distribui flores. Para a coordenadora do coletivo, Tati Magalhães, as rosas não podem reverter a tentativa de golpe em curso, mas é um símbolo da luta dos defensores da democracia contra o ódio dos defensores da ruptura democrática.
“Rosas apenas não podem reverter um golpe de Estado, que no Brasil atual se caracteriza por um golpe machista e misógino e de muita violência. Apesar de não termos tanques na rua, a violência é contra a democracia, contra os direitos do povo e visa salvar corruptos. Todos estamos e devemos estar na defesa da democracia. Então, essas rosas significam, além da resistência, uma tentativa de acabar com o ódio em nosso País. Precisamos estar juntos para barrar esse golpe contra todos os brasileiros, não apenas contra petistas ou coxinhas, mas contra todos os brasileiros”, ressaltou.
Na mesma linha, a professora Jaqueline Costa (também integrante do grupo) reclamou do grande aparato policial destacado para vigiar a manifestação.
“As rosas simbolizam a não violência, e aqui estamos sendo recebidos pela tropa de choque. Não temos armas, não temos bombas, e não temos coquetel molotov. Queremos (com essas rosas) demonstrar que a Dilma e uma mulher sensível, entretanto guerreira”, observou.
Também entre os manifestantes se encontram dezenas de representantes do movimento sindical. Ao se posicionarem contra a tentativa de golpe, eles também demonstram preocupação contra uma possível retirada de direitos já defendida pelos defensores do golpe instalados interinamente no governo federal.
Para o ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores e militante sindical no ABC (SP), José Lopes Feijó, o julgamento de Dilma vai provar se o Brasil “continua na trilha democrática, ou se retorna ao tempo do autoritarismo”.
“Estamos aqui na rua, no dia em que a presidenta legítima eleita pela maioria do povo brasileiro vem ao Senado, em uma demonstração de coragem, enfrentar aqueles que querem promover uma ruptura democrática. A presidenta vai dar uma lição ao Brasil de que uma mulher honesta, corajosa, que ganhou as eleições de forma legítima para governar até 2018, não aceita a ruptura democrática, e nós nas ruas temos a obrigação de respaldar essa atitude corajosa dessa mulher guerreira”, ressaltou.
Já o Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comércio e Serviços, Alcir Matos Araújo, disse que a luta contra o golpe é também a luta pela garantia do bem-estar futuro dos trabalhadores brasileiros.
“Se eles (os senadores) desrespeitarem a democracia, muitos riscos poderão vir ao Brasil, por isso nós defendemos a democracia, a liberdade e a autonomia da população por meio do voto. Portanto, a Constituição deve e tem que ser respeitada, senão, de agora para frente começaremos a ter um processo eleitoral melindrado por causa de um grupo que quer manter seu poderia econômico, gerencial e administrativo no Brasil”, alertou.
Para o presidente do PT do Distrito Federal, Roberto Policarpo, a presidenta Dilma pode contar com o apoio dos militantes dos movimentos sociais e sindicais, e do Partido dos Trabalhadores, na defesa do mandato conferido a ela pelo povo e em defesa da democracia.
“Essa militância que está nas ruas hoje vem receber a presidenta Dilma para dizer que está com ela, com a democracia, e que não aceita a retirada de direitos, e que deseja a continuidade das conquistas do povo brasileiro que nós tivemos no último período. Esse povo é um povo de resistência, que diz não ao golpe, não ao Temer, não aos deputados e senadores que tentam promover esse golpe. Esperamos que essa visão golpista seja revista até a votação final. Nós não desistimos, a população não desistiu, o povo brasileiro está aqui, e está querendo dizer aos senadores que nós queremos a democracia de volta”, avisou.
Héber Carvalho
Foto: José Cruz