A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou no plenário da Câmara, na quarta-feira (23), que “um conluio de corruptos” tomou o poder – por meio de um golpe parlamentar contra Dilma Rousseff- com a intenção de se proteger de denúncias de corrupção. De acordo com a parlamentar, agora esse grupo político tenta “pagar a conta” do apoio que recebeu com ataques aos direitos sociais e trabalhistas do povo brasileiro.
“Agora eu consigo entender exatamente o que o Presidente golpista quis dizer quando lembrou que sabia lidar com bandidos. Eu entendo agora porque ele nomeou 40% do seu ministério golpista com pessoas com envolvimento na Justiça. A cada dia que passa tem-se mais clareza de que assumiram a Presidência da República para se proteger”, ressaltou Erika Kokay.
Para comprovar o que disse, a petista relembrou declarações gravadas em áudio pelo delator da Lava Jato- Sérgio Machado (ex-presidente da Transpetro)- no qual o senador Romero Jucá (PMDB) defende o impeachment da presidenta Dilma Rousseff como “a única forma de estancar a operação Lava Jato”. Erika destacou que até o presidente interino e golpista Michel Temer está envolvido em corrupção.
“Nós temos uma delação premiada que diz que o presidente golpista recebeu mais de 1 milhão, 1 milhão e 500 mil”, acusou Kokay. Segundo a delação de Sérgio Machado, Temer solicitou o envio do recurso, fruto de propina em contratos da Transpetro para auxiliar (via caixa 2) a campanha eleitoral de Gabriel Chalita, em 2012, então candidato à prefeitura de São Paulo pelo PMDB de Michel Temer.
A deputada petista acusou ainda o atual governo golpista de tentar proteger o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em retribuição ao “serviço” prestado por ele na abertura e condução do processo de impeachment, e de também retirar direitos dos trabalhadores para “pagar” o apoio de setores da sociedade ao golpe.
“Nós estamos vendo um conluio de estruturas que têm que ser pagas, ou de faturas que têm que ser pagas. E aí enumero uma série delas: fatura que tem que ser paga ao Sr. Eduardo Cunha, fatura que tem que ser paga à FIESP — por isso vão avançar sobre os direitos de trabalhadores e trabalhadoras, e vão fazer a reforma da Previdência para retirar direitos — aos fundamentalistas, aos ruralistas, à Rede Globo e à imprensa, à grande mídia deste País”, apontou Erika Kokay.
Suspeita– Ainda sobre a fatura que o governo interino e golpista de Temer deve a Eduardo Cunha, a petista lançou a suspeita de que a possibilidade de não haver sessão plenária na próxima semana pode ser uma estratégia para atrasar o processo de cassação do presidente afastado da Câmara.
“Na semana que vem provavelmente não haverá sessão. Eu me pergunto: será que não é para alargar o prazo de defesa ou os prazos do Sr. Eduardo Cunha? Será que esta Câmara vai continuar como flâmula, como um ser rastejante para ser pisoteado pela arrogância, pelo absolutismo e pela corrupção do Sr. Eduardo Cunha, porque o Governo golpista tem que lhe pagar uma conta?”, indagou.
Heber Carvalho
Foto: Alex Ferreira