Contra o golpe em andamento na Câmara e em defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma Rousseff, a deputada Moema Gramacho (PT-BA) fez hoje (15) um discurso dedicado ao seu neto Bernardo e às novas gerações que não viveram o golpe militar de 64. Ela relembrou que em 1968 viu seu pai falar indignado a frase: quem não tem cão caça com gato; quem não tem cão nem gato caça com ato. “Era o ato institucional AI-5, quando começou o pior momento da ditadura militar, que não só exerceu uma influência enorme para cassar mandatos, cometer prisões, inclusive a de Juscelino Kubistchek, e com isso subtrair direitos, fechando inclusive o Congresso Nacional”, explicou.
Moema Gramacho destacou que o AI-5 e os anos de 1964 a 1968 deixaram marcas profundas em todos os brasileiros. “Como disse Chico Buarque: (…) passagem desbotada na memória das nossas novas gerações. Mas isso a Globo não mostra. Ela não faz questão de retomar a história, porque foi uma das que apoiou o golpe de 1964. A Globo hoje é sonegadora de mais de R$ 2 bilhões e também está envolvida no escândalo da Panamá Papers. A Globo não quer retomar a história, porque quer repetir 1964. Ela quer outro golpe”, denunciou.
A deputada do PT baiano disse que é importante que se diga que o golpe atual não é aquele golpe dos fuzis e das baionetas, como aconteceu em 64. “O golpe em curso nesta Casa que nós estamos enfrentando é um golpe mais sofisticado. É o golpe da mentira, o golpe do vazamento seletivo, o golpe que entra nas nossas casas e faz o massacre político, o massacre contra o PT, contra o governo, contra Dilma e contra Lula”, ressaltou.
E mais uma vez ela fez questão de falar diretamente ao seu neto Bernardo para contar que superou a ditadura. “Nós, que não fugimos à luta, conseguimos superar a ditadura e lutamos pela anistia e pelas Diretas Já”. E relembrou que, enquanto lutavam, ainda na ditadura, jovens revolucionários eram assassinados. “Uma jovem de 22 anos, Dilma Rousseff, era torturada, mas resistiu à tortura e à ditadura, porque a sua força e a sua esperança de um Brasil sem donos era maior”, afirmou.
Foi assim, continuou Moema Gramacho, que nós encontramos forças para combater as desigualdades. “Foi preciso que um operário e uma mulher chegassem à Presidência da República para tirar 36 milhões de pessoas da pobreza extrema, para tirar o Brasil do mapa da fome”, acrescentou.
Mais uma vez falando para o seu neto Bernardo, Moema Gramacho disse que não pensava em viver momentos como esse, de tentativa de subtração da democracia e da Constituição cidadã.
“Agora, eu não pergunto a você, Bernardo, eu pergunto aos joãos, às marias, às claras, o que é que vão ouvir dos pais e dos avós dos deputados da bancada golpista? Será que eles vão ter coragem de dizer aos seus filhos e netos que foram covardes, para tentar tirar de todo jeito uma mulher honesta e deixar que o País seja conduzido por um corrupto contumaz como é o caso do presidente desta Casa, deputado Eduardo Cunha?”
E continuou: “Será que eles vão ter coragem de dizer que sempre souberam que não há crime de responsabilidade? Eles sabem disso. Mesmo assim, eles queriam que Dilma não pagasse nem o Plano Safra nem o Bolsa Família. A tese deles é a do caos, do quanto pior melhor”.
A deputada do PT da Bahia conclui declarando o seu amor ao neto Bernardo. “Meu neto Bernardo, eu te amo! É por você e por milhões de filhos e netos de várias gerações do povo brasileiro que eu digo ‘não’ ao impeachment, eu e mais 24 deputados da Bahia. Vamos derrubar esse impeachment aqui amanhã! Não ao golpe! Viva a democracia! Fica a Dilma!”.
Vânia Rodrigues
Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados