Ao acatar denúncia por fraude em licitações e formação de cartel na área de transporte sobre trilhos ocorridos entre 2009 e 2010, período em que o governo de São Paulo era comandado pelo tucano José Serra (PSDB), o Ministério Público de São Paulo optou por denunciar apenas os agentes empresariais e “esqueceu” dos agentes políticos. Esse é o entendimento do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) ao comentar a ação do MP paulista que investigará esses atos ilícitos.
Estão envolvidos cinco executivos da Alstom e dois da Construcciones Y Auxiliar de Ferrocarriles S/A (CAF). “O Ministério Público de São Paulo, de novo, desviou as investigações dos agentes políticos”, reclamou Zarattini.
Essas empresas firmaram contratos com o governo paulista por meio da Parceria Público-Privado (PPP). O valor desses contratos chega à casa de R$ 1,8 bilhão. Com esse montante foi prevista a compra de 228 carros para a Linha 8 – Diamante da Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM). Além disso, entre os serviços previstos constam a manutenção da frota por um período e 20 anos.
A juíza Roseane Cristina de Aguiar Almeida, da 28º Vara Criminal de São Paulo, que cuida do caso, deu um prazo de 10 dias para os executivos da Alstom e da CAF apresentarem as respectivas defesas.
“A lentidão da justiça em investigar as denúncias de corrupção no setor metroferroviário de São Paulo durante os governos tucanos é escandalosa. Mesmo com indícios, os envolvidos seguem sem serem investigados, especialmente os agentes políticos”, reclamou Carlos Zarattini.
As denúncias de corrupção na CPTM e no Metrô paulista estouraram em 2013, a partir do acordo de leniência proposto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e aceito pela empresa Siemens, acusada de formação de Cartel.
A empresa suíça revelou pagamentos de propina a altos funcionários e autoridades públicas de São Paulo. Os pagamentos teriam começado em 1997, e atravessaram os governos tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.
Benildes Rodrigues
Foto: Salu Parente/PT na Câmara