Um grupo de parlamentares da base governista vai entrar, na próxima semana, com uma representação disciplinar contra o juiz Sérgio Moro, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O motivo é a divulgação de interceptações telefônicas envolvendo a presidente Dilma Rousseff. O deputado Wadih Damous (PT-RJ), um dos articuladores da representação, afirmou que o juiz federal cometeu uma “gravíssima ilegalidade” e deverá responder por isso.
Wadih Damous, que também foi presidente da OAB-RJ, reconhece que o juiz pode quebrar o sigilo do processo, mas considera uma violação da lei quebrar o sigilo de ligação telefônica. “Se na captação de conversas estiver envolvido alguém, como é no caso a presidenta Dilma Rousseff, com foro especial, ele não poderia divulgar isso. Moro teria que remeter imediatamente os autos ao Supremo Tribunal Federal”, sustentou.
“Em diversos aspectos a Operação Lava-Jato se desvirtuou. Ela saiu do seu caminho original para se tornar num circo midiático e de perseguição seletiva, como se a corrupção tivesse sido fundada por um segmento. E como se outras pessoas, diversas vezes citadas em delações, fossem blindadas. A essas não cabe investigar, para essas não há vazamento, essas são protegidas. Quanto aquelas, a dureza da lei. Isso não pode e é inaceitável”, afirmou.
Advogados São Paulo – O Sindicato dos Advogados de São Paulo também vai entrar com representação no Conselho Nacional de Justiça contra o juiz Sérgio Moro por conta da captação de conversas telefônicas entre o ex-presidente e a presidente Dilma. Segundo Aldimar de Assis, presidente do sindicato, Moro cometeu ilegalidades, tanto ao grampear Dilma quanto ao divulgar as gravações. “Estamos analisando a argumentação jurídica e vamos entrar com a representação”, afirmou.
Ações – Outras três representações pedindo apuração dos atos do juiz Moro na interceptação da conversa da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula foram protocoladas no Conselho Nacional de Justiça na quinta-feira (17). De acordo com a assessoria de imprensa do CNJ, as reclamações que entraram vieram do Sindicato dos Advogados da Paraíba, do advogado Antônio Nery da Silva Júnior e do cidadão Alexandre Teixeira Marques.
Ainda, de acordo com a assessoria do Conselho, a ministra corregedora, Nancy Andrighi, já analisa outras três representações contra o juiz, todas tramitando em sigilo.
PT na Câmara com agências
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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