Os deputados Luiz Sérgio (PT-RJ) e Chico D’Ângelo (PT-RJ) afirmaram nesta quarta-feira (26) que é preciso encontrar uma solução negociada entre governo, empresários e trabalhadores para evitar demissões no setor naval brasileiro. Segundo eles, os acordos de leniência podem amenizar o cenário de crise no setor, que já ameaça o emprego de milhares de trabalhadores em grandes estaleiros do País. A afirmação ocorreu durante reunião do Fórum Permanente de Debates para Construir Alternativas aos Impactos Negativos da Operação Lava Jato.
A reunião contou com a presença de trabalhadores e empresários do setor, além de representantes do governo do Rio de Janeiro e da Petrobras. No debate, trabalhadores do estaleiro Brasfels (antigo Verolme), localizado na cidade de Angra dos Reis, relataram que existe a ameaça de demissões em massa na companhia. Nesse caso, o principal problema seria uma dívida de US$ 600 milhões da empresa Sete Brasil com o estaleiro.
A Sete Brasil foi criada com o objetivo de fornecer navios sondas para a Petrobras. A composição acionária da empresa também conta com a participação de fundos de pensão, bancos e construtoras. O deputado Luiz Sérgio (ex-funcionário do antigo estaleiro Verolme- hoje Brasfels), destacou que a solução para assegurar os empregos passa pela recuperação da Sete Brasil.
“Sem a atuação da Sete Brasil não seria possível disputar o mercado de navios sonda para extração de petróleo. É lamentável que dirigentes tenham se envolvido em escândalos que criaram dificuldades para a empresa. Mas temos que separar as coisas, quem roubou tem que ir para a cadeia, mas a empresa tem que ser preservada. Por isso o acordo de leniência é importante”, ressaltou.
Já o deputado Chico D’Ângelo destacou a necessidade dos atores envolvidos com o tema (governo, empresários e trabalhadores) encontrarem respostas para o problema. “A prioridade número um deve ser a manutenção dos empregos nos estaleiros. Não podemos deixar que a corda arrebente do lado mais fraco”, afirmou.
Ameaça– De acordo com o presidente do sindicato dos metalúrgicos de Angra dos Reis (RJ), Manoel Sales, o estaleiro Brasfels já revelou que se até o mês de outubro não começar a receber a dívida, terá que demitir mais da metade dos funcionários. “Cerca de 8 dos 15 mil trabalhadores do estaleiro perderão seus empregos”, lamentou.
Héber Carvalho
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