O deputado Valmir Pracidelli (PT-SP) anunciou, nesta terça-feira (24), que vai apresentar requerimento à Comissão de Viação e Transportes da Câmara solicitando a convocação do empresário George Olímpio, que denunciou ao Ministério Público do Rio Grande do Norte um esquema de propina envolvendo o Detran potiguar e o senador Agripino Maia (DEM-RN). Agripino foi coordenador da campanha de Aécio Neves à presidência da República nas eleições de 2014.
“A presença do empresário George Olímpio é importante porque poderá esclarecer o esquema de corrupção ligado à inspeção veicular, que é um tema ligado à comissão e, também, explicar a participação de um senador da República num evento como esse. É preciso que esses fatos sejam esclarecidos”, defendeu Valmir Pracidelli.
Em reportagem exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, o empresário George Olímpio, acusado de comandar o esquema e beneficiado com o instituto de delação premiada, contou que Agripino Maia exigiu dele mais de R$ 1 milhão em 2010 para a manutenção do empresário no serviço de inspeção veicular no estado.
Ministério Público – Além do requerimento, o deputado pretende acionar o MP para requerer a documentação que faz parte do processo. Valmir Pracidelli acredita que, de posse desse material, pode-se avaliar a necessidade de atuação do parlamento no caso. “A partir do teor, poderemos verificar se há algum indício de envolvimento do parlamentar ou de outras pessoas nesse esquema e, assim, analisar que procedimento deve ser adotado no âmbito legislativo ou da justiça, uma vez que se trata de um senador da República que também foi coordenador da campanha do candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves”, afirmou Pracidelli.
O caso – O Ministério Público investiga o caso desde 2010, quando foi montada a operação Sinal Fechado. O depoimento de George Olímpio colhido pelos promotores ocorreu em 19 de agosto de 2014, mas seu conteúdo só foi publicizado no último fim de semana, quando revelou em detalhes o esquema de propina envolvendo o Detran-RN.
O delator revelou os encontros que manteve com o senador Agripino Maia no Rio Grande do Norte e em Brasília. Segundo George Olímpio, em um desses contatos, ele disse ao senador Agripino que havia dado R$ 1 milhão para a campanha do Iberê Ferreira (PSB). De acordo com o delator, o senador do DEM perguntou a Olímpio como ele poderia participar da campanha dele.
Negociação – De acordo com o depoimento, a negociação para o pagamento da propina ao senador começou aí. No acordo, George Olímpio afirma que poderia dar R$ 200 mil ao senador. “Eu também não queria perder aquele elo, porque pra mim aquilo foi um aviso muito claro: ou você participa da nossa campanha ou você perde a inspeção”, denunciou Olímpio. “Foi uma forma muito sutil, mas uma forma de chantagem”, acrescentou o empresário.
No relato, Olímpio conta que tinha esse montante [R$ 200 mil] no cofre do seu escritório e que sairia para buscá-lo. Olímpio disse ainda que poderia dar mais R$ 100 mil na semana seguinte. O senador então respondeu: “Aí vão faltar R$ 700 mil pra você dar a mesma coisa que você deu para a campanha de Iberê”, revelou o empresário.
Olímpio disse que R$ 1,150 milhão foi “doado” em troca de se manter a inspeção.
Benildes Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara