Audiência aponta vantagens do Brasil no desenvolvimento da indústria do hidrogênio verde

Deputado Reimont e convidados durante a audiência pública sobre hidrogênio verde. Foto: Thiago Coelho

O diplomata de carreira e assessor internacional do Ministério das Relações Institucionais do governo Lula, Danilo Zimbres, afirmou durante audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (28/8), que o Brasil é um dos cinco países com maiores possibilidades de desenvolver uma sólida produção do hidrogênio verde (H2V), considerado a “energia limpa do futuro”. Durante a reunião presidida pelo deputado Reimont (PT-RJ) – também autor da iniciativa da audiência – Zimbres disse ainda que o Brasil já tem legislação específica para regular o setor, mas que não pode se descuidar na competição com países concorrentes.

“Além da questão das fontes renováveis (hidrelétrica, solar, eólica, biomassa, biogás e etc, de onde vem a possiblidade de produção do hidrogênio verde), temos no Brasil todas características que permitem a instalação da indústria de hidrogênio verde. Temos ainda uma rede de distribuição avançada, com linhas de transmissão que permitem jogar energia de um local para outro”, explicou.

Segundo ele, esse fator é importante porque não seria necessário construir uma espécie de “usina” para produzir exclusivamente hidrogênio verde, mas apenas utilizar outras fontes produtoras de energia renovável já existentes no País.

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“Por exemplo, temos uma usina eólica. O vento está lá (gerando energia), as residências e os comércios estão consumindo energia. Só que em determinado momento todo mundo vai dormir, apagam-se as luzes e essa energia não é utilizada. Nesse momento ela pode ser usada para produzir mais energia por meio do hidrogênio verde”, explicou Danilo Zimbres.

Combustível fóssil

O hidrogênio verde é obtido a partir do processo da eletrólise, separação da molécula da água (H2O) em hidrogênio (H2) e água (O2), por meio da passagem de uma corrente elétrica em uma solução aquosa. De acordo como o assessor internacional do ministério das Relações Internacionais, esse tipo de energia no futuro vai substituir completamente os combustíveis fósseis.

“No futuro, o hidrogênio poderá ser produzido em casa, a partir de um gerador de energia portátil de dimensão pequena. A pessoa poderá produzir seu próprio hidrogênio verde, abastecer seu carro e sair, e quanto voltar, deixar o equipamento recarregando ligado a sua placa de energia fotovoltaica (energia solar)”, destacou.

O diplomata ressaltou que países como a China e Estados Unidos já estão produzindo automóveis e caminhões movidos a hidrogênio verde. Segundo ele, países europeus, como Alemanha e outros, já veem nessa forma de produção de energia limpa a única condição de cumprirem as metas do Acordo de Paris, de redução global das emissões de gases causadores do efeito estufa, principal responsável pelas mudanças climáticas.

Oportunidade

Dentro do contexto de oportunidade histórica para produção do hidrogênio verde, Danilo Zimbres destacou que o Brasil precisa aproveitar seu potencial para se colocar na vanguarda da produção da energia do futuro.

“O Brasil logrou êxitos importantíssimos na inserção nesse mercado. Aprovamos o Plano Nacional do Hidrogênio Verde, estabelecendo diretrizes com outros setores, criamos incentivos fiscais para a produção e o desenvolvimento de hidrogênio verde para navegação e aviação. Também avançamos na pesquisa e desenvolvimento nesse setor por meio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e na integração do hidrogênio verde no Plano Nacional da Transição Energética”, destacou.

Competência

Apesar dos avanços, Danilo Zimbres alerta que a corrida pela liderança da produção dessa nova fonte de energia será bastante concorrida, e que o Brasil não pode apenas confiar nas suas próprias potencialidades. Ele destacou que o Brasil tem expertise tecnológica na exploração de energia, como por exemplo, ao extrair petróleo do pré-sal a mais de 4 mil metros abaixo do nível do mar. No entanto, ele alerta que será preciso o País demonstrar na prática a sua competência.

“Não podemos esquecer que na competição pelo hidrogênio verde o Brasil não está sozinho. Essa disputa vai determinar quem vai dominar a nova fonte de energia do século XXI, que vai substituir o petróleo. É como se fosse uma Copa do Mundo. Sabemos que o Brasil tem expertise, talentos únicos e já ganhamos cinco Copas do Mundo. Porém, quando jogamos uma Copa também enfrentamos outros países qualificados. Isso vai ocorrer em relação à produção do hidrogênio verde”, comparou.

Após agradecer a verdadeira aula sobre a importância do hidrogênio verde para o futuro do Brasil e do planeta, o deputado Reimont (PT-RJ) destacou que a audiência pública serviu para esclarecer o Parlamento e a sociedade sobre o potencial do País na produção dessa nova fonte de energia.

“Uma das razões de ser do nosso Parlamento é aproximar as pessoas e a sociedade das discussões realizadas na política, na academia e na ciência. A transição energética é esperada pelo Brasil e pelo mundo inteiro. Nós temos todas as fontes de energia limpa e precisamos, aos poucos, nos livrar dos combustíveis fósseis para a preservação do planeta. Temos energia solar, eólica, hídrica, nuclear e agora, temos que avançar com o hidrogênio verde, com pesquisa e produção”, afirmou o parlamentar.

Também convidado para participar da reunião, o Diretor-Presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Celso Pansera não conseguiu participar remotamente da audiência pública por problemas na internet.

 

Héber Carvalho

 

 

 

 

 

 

 

 

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