Bolsonaro fez da Presidência curral particular – Por Reimont

No Jornal PT do Brasil, Amanda Guerra entrevista o deputado Reimont (PT-RJ), que comentou sobre a PL 609/24.
Deputado Reimont. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

As informações sobre as investigações em torno de Bolsonaro mostram a cara da extrema-direita fascista que se encastelou no Brasil. É um show de horrores, que enlameou tudo a sua volta

 Bolsonaro transformou a Presidência da República em curral particular, apequenou as instituições e as pessoas que giravam em torno dele. Envolveu oficiais do Exército brasileiro em tráfico de joias, contaminou a estrutura de Saúde na farra de cartões falsos de vacinação, tentou transformar a Polícia Federal e a Abin/ Agência Brasileira de Inteligência) em uma polícia particular, refém dos interesses dele e de seus filhos, como uma babá a evitar problemas para as “crianças”.

O roteiro dessa tragicomédia inclui agentes escondidos atrás de árvores, malas de dinheiro, apropriação, venda e recompra de joias presenteadas ao estado, investigações clandestinas de ministros do STF, políticos e jornalistas (é o que se sabe até agora) e atuação de grupos de zap como o auto-intitulado Grupo dos Malucos, responsável pela produção e disseminação intensiva de informações falsas (fake news).

Inclui o uso de avião presidencial (seria o mesmo flagrado em tráfico de cocaína?) para contrabandear os objetos roubados da República. E, como é próprio dos enredos novelescos, inclui traições, muitas traições. Ninguém confiava em ninguém. Na primeira, todos largaram as mãos de todos.

O show de horrores tem um acúmulo de trapalhadas grotescas, mas não sei se incluiria entre elas a notícia de que o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, integrante ativíssimo do esquema, gravou uma conversa em que o ex-presidente combina com ele um plano para blindar o filho, senador Flavio.

Leia Mais: Gravado por ex-diretor da Abin, Bolsonaro está no centro do escândalo da arapongagem

Muitas perguntas me vêem a mente. Ramagem terá gravado clandestinamente Bolsonaro apenas uma vez? Haverá outros áudios? Terá sido precaução para se proteger no futuro? Terá sido um meio de “segurar” o ex-presidente e forçar uma lealdade?

Sempre soubemos que Bolsonaro governava em causa própria, lidava com a Presidência da República como quem lida com uma propriedade comprada com dinheiro vivo. Ele nunca se preocupou em esconder isso. Nem ele e nem os seus colaboradores mais próximos. A célebre gravação da reunião ministerial é prova da certeza da impunidade.

Mas as revelações de agora chocam pela sordidez e pela prática sistemática do malfeito.

A lista é longa, mas ainda falta muita coisa. Ao menos até agora, nem chegou perto da gestão criminosa da pandemia da covid-19, que provocou 700 mil mortes, milhares de portadores de sequelas, atraso nas vacinas e montanhas de gastos inúteis – de quase 100 milhões de reais na compra de remédios inadequados, como a ivermectina, e de R$ 1,3 milhão, que o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército usou para comprar a matéria-prima da cloroquina. Isso não pode ser esquecido.

Hoje, Ramagem se coloca como candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Embora os fatos indiquem que a democracia e a justiça triunfarão, devemos nos manter atentos a cada passo da extrema direita.

Bolsonaro e seus cúmplices precisam ser exemplarmente punidos, pelo bem da Nação. É hora do Brasil virar a página do fascismo.

 

Reimont é deputado federal (PT-RJ)

Artigo publicado originalmente no site Brasil 247

 

 

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