O jornal Folha de S. Paulo confirmou, na quarta-feira (12), o que o site do PT vem denunciando há pelo menos um ano e meio: além de bolsonarista desavergonhado, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), atua como porta-voz remanescente do neoliberalismo fracassado da Escola de Chicago de Paulo Guedes. De acordo com o diário, Neto, que se diz um “técnico” do BC, sinalizou ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que aceitaria ser seu ministro da Fazenda, no caso de o extremista disputar as eleições presidenciais.
Intocável no cargo que ocupa, o presidente do BC atua à luz do dia como um soldado da extrema direita, a despeito de ter seis meses pela frente no cargo e precisar cumprir outros seis de quarentena após o fim do mandato.
Mais uma vez, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PR) foi às redes sociais escancarar o que seria um escândalo em qualquer país do mundo: ele nunca foi um técnico à frente do BC. Para ela, Campos Neto “aposta na deterioração da economia do país (que ele faz de tudo para atrapalhar) para favorecer o candidato de Jair Bolsonaro”.
Isso é que é a tal "autonomia" do Banco Central: diz a Folha que Campos Neto faz campanha por Tarcísio Freitas para presidência e topa ser ministro da Fazenda. Aposta na deterioração da economia do país (que ele faz de tudo para atrapalhar) para favorecer o candidato de Jair…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) June 12, 2024
“E o cara ainda está sentado na cadeira de presidente do BC!”, espantou-se Gleisi, pela rede “X”. “Quando a gente diz que ele é político, jamais um técnico, ficou escancarado agora. Campos Neto não tem sequer resquício de autoridade para comandar o BC”, condenou. “Isso é que é a tal “autonomia” do Banco Central”.
“Caiu a máscara”, anunciou o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), também pelo “X”. “Quero ver defenderem esse cara como técnico. Não tem independência política, nem técnica. É um agente do bolsonarismo e do mercado para sabotar o governo do presidente Lula”, reagiu o petista.
CAIU A MÁSCARA! Campos Neto se assume bolsonarista convicto e já fala em ser ministro da Fazenda do Tarcísio de Freitas. Quero ver defenderem esse cara como técnico. Não tem independência política, nem técnica. É um agente do bolsonarismo e do mercado para sabotar o governo do… pic.twitter.com/Hfulc7TYAs
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) June 12, 2024
Consultor informal de Bolsonaro na campanha
Em vídeo nas redes sociais, Lindbergh lembrou que Campos Neto agiu como uma espécie de consultor informal da campanha de Bolsonaro em 2022. “[Ele] orientava com pesquisas, foi votar com a camisa da Seleção Brasileira. E posa de técnico”, apontou Farias, chamando atenção ao fato de que Campos Neto faz a mesma coisa agora. Segundo a Folha, o bolsonarista aconselhou Tarcísio a não ser candidato em 2026, pois o cenário econômico, segundo ele, tenderia “a se deteriorar”.
O deputado defende que o bolsonarista seja afastado do comando da autarquia. “Ele não tem independência política, porque é um bolsonarista, e não tem independência com o sistema financeiro, ele atua para o sistema financeiro, para os bancos”, denunciou.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP), expôs a desmoralização da instituição pela atuação “técnica” de Campos Neto no comando do BC. “Banco Central Independente, pero no mucho”, ironizou Tatto.
Banco Central Independente, pero no mucho. pic.twitter.com/tgoknl8FMs
— Nilto Tatto 🍀 O Ambientalista no Congresso 🇧🇷 (@NiltoTatto) June 12, 2024
Mídia reage: Campos Neto foi longe demais?
Até a mídia corporativa – com poucas exceções, porta-voz do capital financeiro e defensora do terrorismo fiscal como estratégia para enquadrar o presidente Lula à receita de cortes de gastos sociais e de juros estratosféricos a fim de manter a farra rentista – sinaliza que Campos Neto está passando dos limites.
“Nada proíbe que esse banqueiro central desfile com seus aliados, amigos e afinidades partidárias”, observou Bruno Boghossian, na Folha. “O problema começa a aparecer quando essas relações passam a fazer parte de um projeto político”.
O jornalista equiparou a atuação do bolsonarista à do ex-juiz Sergio Moro, atualmente senador justamente por ter lado político quando não deveria. “Se a comparação com Sergio Moro é inevitável, a hipótese de Campos Neto tem um agravante: o plano é traçado enquanto o chefe do BC ainda está sentado na cadeira, com pretensões que dependem, necessariamente, do sucesso da oposição”, alertou.
Já o Estadão recorreu a um editorial para passar uma descompostura no protegido por suas últimas movimentações, ainda que de modo brando, dada a gravidade do escândalo. O jornal fez referência à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que expôs uma divisão entre os diretores sobre a definição da magnitude do corte na taxa de juros e que contou com o voto decisivo de Campos Neto.
Para o jornalão, o impasse “pode sugerir alguma forma de cisão política dentro do BC. É possível que tenha sido apenas uma coincidência, mas a desenvoltura de Campos Neto entre os bolsonaristas não ajuda a dissipar as dúvidas e desconfianças. Ao contrário, as acentua”.
Por PT Nacional