Nilto Tatto: Fábrica de catástrofes

Enchentes no Rio Grande do Sul. Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

(*) Nilto Tatto

 

A partir da situação calamitosa pela qual passa o Estado do Rio Grande do Sul, não tardamos a querer achar culpados. Dedo de alguns prefeitos em riste, apontando para o governador, que aponta o dedo para o governo Federal, que felizmente, tomou a postura mais responsável que um chefe de Estado poderia adotar neste momento: “Não é hora de apontar os culpados”, anunciou o presidente Lula. Tudo isso enquanto parte do povo gaúcho se acomoda em abrigos, voluntários e funcionários públicos se arriscam para resgatar sobreviventes e todo o País se mobiliza para ajudar.

O presidente cumpre a rigor o seu papel republicano, destinando recursos, equipamentos e mais de 20 mil profissionais para socorrer o Rio Grande do Sul. Além disso, costura planos e metas junto ao governador do Estado e aos prefeitos, tendo envolvido inclusive os presidentes do Senado e da Câmara Federal, além do Superior Tribunal Federal (STF) na empreitada. Lula acerta ao prestar ajuda irrestrita num momento de calamidade, mas nós, parlamentares, além da responsabilidade imediata de socorro às vítimas, temos a obrigação de pensar nas causas e como mitigar os efeitos de eventos climáticos extremos a partir do regramento legal.

Deputado Nilto Tatto. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Quando assistimos a tragédias como as fortes chuvas que castigam o Rio Grande do Sul, observamos assustados à velocidade com que a água sobe e leva tudo no seu caminho. Mas o aumento da intensidade e da frequência das tempestades, enchentes, dos furacões, das ondas de calor, das secas prolongadas ou dos deslizamentos de terra não aconteceu de repente, ele foi se consolidando lentamente, gota a gota, voto a voto, a cada árvore cortada, a cada incêndio florestal, a cada desmonte na legislação ambiental, a cada corte de verba para programas de urbanização ou de recuperação ambiental e a cada fake news compartilhada nas redes sociais. Foi assim, mesmo sendo alertados pela ciência, que ao longo dos últimos 30 anos começamos a fabricar catástrofes.

Agora temos urgência para mitigá-las e assim mesmo, parte significativa do Congresso ainda não se sensibilizou para a questão – continuam pautando projetos que aumentam a crise climática e barrando aqueles capazes de combatê-la. Eles não são os donos das fábricas de catástrofes, mas certamente estão entre os funcionários mais dedicados.

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(*) é deputado federal (PT-SP)

 

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