Deputado exigiu explicações de Bolsonaro após o ex-presidente passar 40 horas na Embaixada da Hungria.
Em discurso no Plenário da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (26/3), o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) exigiu explicações de Jair Bolsonaro após o ex-presidente passar 40 horas na Embaixada da Hungria. O deputado havia ingressado, ontem, com o pedido de prisão preventiva de Bolsonaro junto à Procuradoria-Geral da República, após a circulação do vídeo que prova a entrada e saída de Bolsonaro na embaixada, somente quatro dias após ter o passaporte apreendido pela Polícia Federal. A estadia na embaixada, de acordo com Lindbergh, sugere que Bolsonaro pretendia se aproximar do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que ao lhe conceder asilo político, poderia impedir a prisão do ex-presidente. Para Lindbergh, a ação pode ser entendida como tentativa de fuga.
“Bolsonaro queria uma anistia com o Viktor Orbán, líder da extrema direita. Sabem quais são os pré-requisitos para prisão preventiva? Tentativa de fuga. Alguma medida cautelar tem que ser tomada, se não for prisão, a tornozeleira eletrônica; se não for tornozeleira eletrônica, outra coisa. Porque aqui foi um ensaio. Ele já disse que vai tentar fugir. Os sinais estão dados”, diz o parlamentar.
Depoimento na PF
Bolsonaro, que prestará depoimento na Polícia Federal nesta quarta-feira (27/3), teve o passaporte diplomático confiscado no dia 8 de fevereiro, por conta das acusações da elaboração da minuta de golpe. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, como parte das investigações. Lindbergh Farias pontua na ação para a prisão preventiva que a apreensão do passaporte do ex-presidente teve justamente o objetivo de evitar uma eventual tentativa de fuga do País.
“Então, nós sabemos disso. A Justiça sabe disso. O Supremo sabe disso. Quero ver o que vai dar depois desse depoimento na Polícia Federal. Eu torço para que saia uma decisão de prisão preventiva. Se não sair prisão preventiva, no mínimo, uma tornozeleira eletrônica, porque ele agiu como um criminoso”, ressalta Lindbergh.
Esclarecimentos
Na mesma sessão, o deputado federal Airton Faleiro (PT-PA), assinala que enquanto o presidente Lula se encontra com o presidente da França, Emmanuel Macron, o ex-presidente se vincula ao Estado ditatorial e opressor da Hungria. O deputado questiona o motivo do qual Bolsonaro esteve durante 40 horas na Embaixada da Hungria e afirma que o ministro Alexandre de Moraes (STF) tem razão ao exigir esclarecimentos.
“Ele estaria descumprindo o que já determinou a justiça brasileira, para tentar fugir, caso o seu nome aparecesse na lista dos possíveis presos? Essa explicação ele deve ao Brasil”, observa Airton Faleiro.
O deputado também lembrou da sessão solene em homenagem a Marielle Franco e Anderson Gomes, requerida pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ). Airton celebrou o papel da Polícia Federal ao desvendar o crime após 6 anos e acredita que Bolsonaro está envolvido no caso, que o ex-presidente teme estar entre os nomes dos mandantes divulgados.
“Eu acho que a sociedade brasileira ainda está esperando mais. Eu acho que novas investigações vão chegar mais adiante. Vão chegar àqueles que o povo brasileiro pensa que são os mandantes dos mandantes”, defende o parlamentar.
Amanda Canellas (Estagiária em Jornalismo)