A análise dos dados de 2023 mostram os avanços alcançados, principalmente para os mais pobres, pela política econômica do governo Lula. A renda do trabalho dos brasileiros no período teve o maior crescimento em três décadas. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,9% no ano passado, houve um aumento, acima da inflação, de 11,7% na massa de rendimentos do trabalho. É quase o dobro do resultado de 2022 (6,6%) e o melhor resultado desde 1995, quando foi implantado o Plano Real.
Uma das principais medidas que ajudaram a alcançar o resultado foi conquistada por meio da PEC da Transição, aprovada no final de 2022. Ela garantiu o benefício de R$ 600 para milhões de famílias por meio do Bolsa Família, acrescidos de mais R$ 150 por criança de 0 a 6 anos para as famílias contempladas. O programa tem grande capacidade multiplicadora na renda e no emprego. Um estudo do Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância mostra que para cada R$ 1 a mais per capita designado pelo programa Bolsa Família, o PIB per capita da cidade onde é investido o dinheiro cresce R$ 4.
A retomada da política de aumento real do salário mínimo, que repercute também em 26 milhões de aposentados no piso do INSS, foi fundamental para alcançar o resultado positivo na renda do trabalho. A retomada de programas governamentais de investimentos públicos, como o Minha Casa, Minha Vida, e a concessão de reajustes para o funcionalismo federal também contribuíram.
O investimento público como vetor do desenvolvimento é a prioridade do governo para manter o crescimento da economia. Na semana passada, o presidente Lula anunciou em cerimônia no Palácio do Planalto os resultados do Novo PAC Seleções, que tem investimentos da ordem de R$ 23 bilhões. São 16 modalidades executadas nos ministérios da Saúde, Educação, Cultura e Esporte. No total, as seleções contemplaram 6.778 obras e equipamentos nos 26 Estados e no Distrito Federal, alcançando 59% dos municípios brasileiros. Foi priorizada a cobertura de vazios assistenciais, além dos critérios de cada modalidade.
As ações do Novo PAC estão inseridas na lógica da aplicação de recursos públicos e privados em projetos de desenvolvimento. Os investimentos anunciados pelo setor automotivo no país já somam R$ 95,3 bilhões. Eles são consequência da confiança do empresariado nos rumos econômicos implementados pelo governo, baseados na estabilidade e crescimento e em projetos estruturantes, como a aprovação da reforma tributária.
O mais recente anúncio de uma indústria automobilística foi feito pela Stellantis, que tem a principal base em Minas Gerais. Só ela vai investir R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030 para a fabricação de 40 novos produtos, incluindo veículos híbridos e elétricos. Serão investidos recursos também no desenvolvimento de tecnologias de descarbonização em toda a cadeia de suprimentos automotivos e novas oportunidades estratégicas de negócios.
Outras empresas também estão apostando suas fichas no país, como a Toyota, que anunciou um investimento de R$ 11 bilhões até 2030, o que, segundo a montadora, deve gerar uma média de 2.000 novos empregos diretos.
A combinação de uma política que privilegia os mais pobres com investimentos, públicos e privados, que incentivam a criação de empregos deve turbinar o cenário econômico no próximo período. A experiência já mostra que o combate à pobreza e à desigualdade gera um efeito macroeconômico que repercute em toda a cadeia produtiva.
- Reginaldo Lopes é deputado federal (PT-MG)
Artigo publicado originalmente no jornal O Tempo