Com o voto favorável dos parlamentares do PT no Congresso Nacional, o plano de trabalho apresentado pela relatora da CPMI do golpe de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), foi aprovado nesta terça-feira (6), por 18 votos a 12. De acordo com o texto, as investigações serão iniciadas pelos eventos ocorridos anteriormente aos ataques às sedes dos Três Poderes buscando identificar os autores intelectuais, os financiadores e os agentes públicos envolvidos nos acontecimentos.
Antes de a relatora ler o plano de trabalho, o deputado Rogério Correia (PT-MG) questionou a presença do deputado André Fernandes (PL-CE) como membro da CPMI, alegando que o parlamentar é investigado por incitar os atos terroristas e, portanto, não deveria fazer parte da comissão. Rogério Correia pediu para que Fernandes fosse substituído por outro deputado indicado pelo PL.
“O deputado André Fernandes estaria participando de uma investigação na qual ele é investigado, ou melhor, indiciado já, por provas da Polícia Federal (…) nós estamos solicitando que ele seja substituído, retirado da CPMI e substituído por outro membro”, requereu o petista ao encaminhar o pedido ao presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Nós teremos acesso a dados sigilosos que podem servir para que alguns queiram se safar, inclusive, de acusações que serão comprovadas ou não no processo de inquérito, e não podem, evidentemente, ter acesso a questões sigilosas que dizem respeito a eles mesmos. É, no mínimo, estranho”, apontou Rogério Correia.
Plano de Trabalho
Para os parlamentares do PT, o plano de trabalho apresentado é completo ao propor investigar todos os acontecimentos que culminaram no trágico 8 de janeiro, descartando, assim, que os atos terroristas foram episódios isolados.
“Um plano competente, um plano extremamente coerente com essa investigação e que traz justamente uma cronologia do contexto histórico de tudo que aconteceu, porque os atos do dia 8 de janeiro são um ápice de várias condutas que aconteceram. Precisamos analisar os atos preparatórios, como em qualquer tipo de crime. Os atos preparatórios, as tentativas são importantíssimas para sabermos quem são os criminosos, como os atos aconteceram e se houve a premeditação e a preparação para tanto”, explicou a deputada delegada Adriana Accorsi (PT-GO).
Para a delegada é preciso investigar com responsabilidade e seriedade. “A população espera muito de nós. Espera que nós atuemos nesta Comissão com responsabilidade, com seriedade e competência, que não fiquemos aqui lamentando a perda de um processo eleitoral, a escolha do povo brasileiro, que tem que ser respeitada. E é justamente esse sentimento de inconformidade que levou a esses atos terroristas, criminosos e golpistas”, disse Adriana Accorsi.
Nos anexos do documento, Eliziane propõe que sejam ouvidas pela comissão, entre outros nomes, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública do DF à época; o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL); o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; e o ex-ministro da Defesa Braga Netto.
Como delegada de polícia há mais de 20 anos, digo: precisamos investigar tudo! Inclusive a premeditação dos atos. Quem insuflou? Quem ordenou que esses terroristas atacassem os três poderes? Houve um mentor “intelectual”? Quem deu a ideia? #CPMIdoGolpe pic.twitter.com/KNtdMP8Ms1
— Adriana Accorsi (@Adriana_Accorsi) June 6, 2023
Golpe contra a democracia
O deputado Rubens Pereira Junior (PT-MA) reafirmou que o atual governo do presidente Lula e todos os poderes atingidos são vítimas de uma tentativa de golpe contra a democracia brasileira. “Não custa nada repetir: o Governo é vítima da tentativa de golpe. O Supremo Tribunal Federal é vítima da tentativa de golpe. O Congresso Nacional, Câmara e Senado são vítimas dessa tentativa de golpe. E nós queremos apurar para apurar responsabilidades, mas, mais do que isso, para evitar que isso se repita na história do nosso País. O nosso objetivo é esse”.
Para o deputado, “mexer” com a democracia é “caro e é crime”. “Nós vamos investigar também quem financiou o ataque à democracia, porque pode ser que esses financiadores continuem atacando a democracia. E isso tem que ser interrompido, porque mexer com a democracia é caro e é crime”, reforçou Rubens Pereira Junior.
Os requerimentos serão votados na próxima reunião do colegiado que está marcada para terça-feira (13).
Lorena Vale