“Não podemos permitir que no século 21 o estupro continue sendo arma de guerra, nem dentro nem fora de casa”. As palavras são da ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que foi às lágrimas na segunda -feira (31) durante palestra magna “Direito à verdade, à história e à memória”, na abertura do ciclo de debates: Resistir Sempre – Ditadura Nunca Mais, sobre os 50 anos do Golpe Militar de 1964, promovido pela Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
O evento contou com a participação da coordenadora da Bancada Feminina da Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) também vítima daquele período.
A ministra se emocionou quando falou da prisão, durante a ditadura militar com o marido e o filhinho, então com três anos e meio. Ela lembrou as torturas físicas, psicológicas e sexuais, os estupros nos três anos que passou nos porões da ditadura. Ela destacou que o estupro, os crimes sexuais há muito são usados como armas de guerra pelos torturadores contra as mulheres. E as mulheres, onde estão nesta história?, questionou para responder:
“Nossos corpos não estão à venda nos metrôs, nos ônibus para serem violentados, encoxados, e estuprados no transporte coletivo”. Para ela, a
iluminação pública e um transporte público adequados, eficientes reduziriam drasticamente os crimes sexuais.
A ministra também trouxe para o contexto atual a questão do estupro, da violência sexual que grassa no país, e muito recentemente denunciada em filmagens em ônibus e em vagões de metrôs, com os chamados encoxadores – criminosos sexuais que se aproveitam da superlotação para assediar e violentar mulheres no transporte público no deslocamento da casa para o trabalho ou escola e vice-versa.
O problema levou não só a ministra de Políticas para as Mulheres, mas a própria presidente Dilma Rousseff a pedir as mulheres que denunciem os criminosos sexuais. E que eles sejam presos e respondam por seus atos.
Em discurso sobre os 20 anos de ditadura militar no Brasil, a ministra lembrou que “nós saímos do passado, mas o passado não sai de nós. Nosso dever é contá-lo. Desvendá-lo, trazê-lo á luz da verdade”, disse. Neste sentido, ela ressaltou a importância da Comissão da Verdade, seja no âmbito nacional, quer as comissões estaduais e municipais.
“O Brasil merece a verdade as novas gerações merecem a verdade, o sempre tempo acaba trazendo a verdade à luz”, finalizou.
Das Agências