Bolsonaro, “o fujão”, está voltando ao Brasil para prestar contas à Justiça, afirmam petistas

Bolsonaro precisa se explicar à PF sobre as joias milionárias que escondeu. Foto: Reprodução Twitter

Deputado Lindbergh Farias. Foto: Gustavo Bezerra

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara desmentiram, nesta quarta-feira (29), as fake news e o oba-oba, que os deputados bolsonaristas vem fazendo com o retorno do ex-presidente Bolsonaro ao Brasil, marcada para amanhã (30). “A verdade é que Bolsonaro está voltando porque foi intimado pela Polícia Federal. Ele vai prestar depoimento, dia 5 de abril, na próxima quarta-feira. Então, esse fujão, que abandonou o Brasil enquanto era presidente da República, fugiu porque estava com medo de ser preso pelos inúmeros crimes cometidos. Ele não está voltando porque quis voltar. Ele está voltando porque foi intimado pela Polícia Federal”, afirmou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).

“Eu queria que os defensores de Bolsonaro me explicassem o surgimento da nova maleta de joias, a terceira, com um relógio, um rolex de ouro branco, cravejado de diamantes; uma caneta chopard prateada, três anéis, abotoaduras no valor de R$ 600 mil”, pediu Lindebergh. Isso aqui, continuou o deputado, se soma a dois outros malotes, um de R$ 16,5 milhões, que, segundo afirmou o ex-ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia), era para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. “Tentaram passar essa maleta de joias em uma mochila, para fugir da Receita. Eles estavam roubando. O nome disso é roubo”, denunciou.

Lindbergh Farias explicou que todo mundo sabe que, quando existe um presente de um país a uma autoridade, aquele presente é do Estado, é da União. “Tentaram surrupiar. Tentaram colocar na mochila, e a Receita Federal pegou. Depois descobriram que havia outro, e agora aparece esse terceiro. Olha, esse terceiro aparece depois da decisão do Tribunal de Contas da União, que mandou Jair Bolsonaro devolver os dois primeiros malotes de joias, e ele foi obrigado a devolver”.

O terceiro pacote de joias, segundo o deputado, estava escondido na fazenda de Nelson Piquet, no final de dezembro passado. “Olha como é interessante: o Bolsonaro só levou para a fazenda do Piquet os presentes que tinham valor material. Todo o resto ele jogou para o acervo lá no Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional”, protestou.

“Eu encerro aqui dizendo que a verdade é uma só: Bolsonaro só está voltando ao Brasil porque foi intimado pela Polícia Federal. Ele não está voltando agora como líder da oposição. Ele está voltando para responder na Justiça. O fujão está voltando e vai ter que prestar contas à Justiça”, reiterou.

Bolsonaro passou mais de três meses nos Estados Unidos, para onde viajou no final do ano passado, faltando dois dias para o término do seu mandato.

“Roubo de joias”

Deputado Rogério Correia. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O deputado Rogério Correia (PT-MG) também comentou, na tribuna, o caso das joias da Arábia, que na sua avaliação é uma das denúncias mais graves que ele já presenciou. “E agora ficamos sabendo que o ex-presidente Bolsonaro guardou joias e outros presentes em fazenda de Nelson Piquet, em Brasília. Isso já está se transformando num caso de roubo de joias. E essas joias chegaram na fazenda no dia 20 de dezembro do ano passado, quando o Bolsonaro se preparava para fugir para os Estados Unidos. Lá, ele guardou, melhor, escondeu joias e outros presentes. Esse terceiro estojo tem o valor de mais de R$ 500 mil, que ele próprio recebeu na Arábia Saudita, segundo ele, como presente, mas, ao que tudo indica, como propina”, denunciou.

O deputado frisou que Bolsonaro vai chegar e vai depor na Polícia Federal. “E daqui a pouco, vai estar na Papuda junto com outros que ele incentivou a quebrarem a Câmara Federal, o Senado, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal. Parece que vem já para ser encaminhado para o destino que o aguarda, que, evidentemente, é a prisão, porque agora já virou peculato”, reiterou.

Propina

Rogério Correia fez questão de relembrar que esse caso das joias tem a ver com aquela refinaria da Bahia, a RLAM, “que foi vendida a preço de banana por Bolsonaro”. Ele citou ainda que o então presidente e sua equipe visitaram a Arábia Saudita 150 vezes. “Está explicado o que eles faziam lá. Essas viagens foram para acertar exatamente a venda, ou melhor, a entrega de uma refinaria lucrativa na Bahia. Essa refinaria foi entregue por menos da metade do preço. E, com base nisso, ele passou a receber presentes. Pode-se dizer que, ao invés de presentes, provavelmente foram propinas recebidas pelo presidente Jair Bolsonaro”, acusou.

“A casa caiu”

Deputado Joseildo Ramos. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) afirmou que o ex-presidente Bolsonaro tem muito o que explicar. “O que teria acontecido com os presentes trazidos da Arábia Saudita? Como explicar os ‘mimos’ suspeitos que foram — ou não — interceptados pela Receita Federal e que sequer tinham a declaração do então presidente?”, indagou. O parlamentar ainda ironizou: “Será que o silêncio obsequioso de V.Exas. (parlamentares apoiadores de Bolsonaro) se coaduna com a fuga e com o silêncio do ex-presidente?”.

Joseildo Ramos chegou a propor que o depoimento de Bolsonaro fosse prestado no próprio aeroporto, logo na sua chegada. “No seu retorno, anunciado para amanhã, o ex-presidente terá muito a explicar e, quem sabe, poderá prestar depoimento no próprio aeroporto. Ele tem muito o que explicar, a começar pela tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, terá também, dentre outras coisas, que explicar os possíveis crimes de peculato, de descaminho e de lavagem de dinheiro”, frisou.

Tal situação, segundo Joseildo, será rigorosamente investigada pela Polícia Federal, que no governo Lula retoma e cumpre plenamente o seu papel de instituição de Estado, “que no governo anterior foi sequestrada para servir ao presidente Bolsonaro e à sua ‘familícia’”. O deputado explicou que, como o ex-presidente hoje não goza de prerrogativa de foro, e terá que prestar informações a partir da primeira instância judicial. “Bolsonaro, a casa caiu!”.

O depoimento de Bolsonaro, na Polícia Federal, no inquérito que investiga as joias da Arábia Saudita trazidas ilegalmente para o Brasil e que foram destinadas ao ex-presidente, está marcado para a próxima quarta-feira (5).

Direto para a prisão

Deputada Dandara. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A deputada Dandara (PT-MG) enfatizou que não foram nem uma, nem duas, nem três, mas foram 150 viagens do ex-presidente Bolsonaro para Arábia Saudita. “São 150 idas! Isso acende no mínimo um alerta maior ainda com relação aos presentes que ele recebeu e escondeu. Nós sabemos muito bem que tem muito mais coisa debaixo desse tapete do que se imagina”.

Dandara avaliou ainda que Bolsonaro volta amanhã “e ele deveria ir direto para a prisão pelos crimes que cometeu contra o povo brasileiro”. Ela relembrou que durante a pandemia, ele negligenciou a vacina e cometeu diversos crimes de lesa-pátria. “Isso sem contar a negligência com a educação, com a mobilidade urbana, com o direito de ir e vir, com o bem-viver, e tantas falas criminosas, preconceituosas, desrespeitosas que fez enquanto estava na cadeira da Presidência da República. Ele não ficou aqui para enfrentar com cara e peito aberto o que fez. Ele se escondeu nos Estados Unidos e agora resolve voltar”.

 

Vânia Rodrigues

 

 

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