A Conferência das Partes (COP-27) – o órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima -, reunida no Egito, suscita várias reflexões sobre o meio ambiente global. Dentre as muitas preocupações que tenho sobre a questão das mudanças climáticas em curso no nosso planeta é que lá se foram 27 anos desde a primeira COP, realizada em Berlim, em 1995, e os avanços foram limitados.
A Convenção -Quadro da ONU é um pouco mais velha, resultado da Rio-92, momento em que a noção do Desenvolvimento Sustentável se afirmou como um compromisso entre as presentes e futuras gerações.
As futuras gerações chegaram e ainda estamos patinando numa agenda em que setores da sociedade ainda se dão ao desplante de contestar os dados da ciência e negar as muitas e perceptíveis evidências de que a mudança climática já está acontecendo. Dados estatísticos sobre a população mundial mostram que do ano 2000 até agora houve um aumento de 2 bilhões de pessoas na Terra. As “futuras gerações”, de que falávamos em 92, não só já estão entre nós como se apresentam em grande número.
Trinta anos se passaram e estamos distantes de resolver um problema tão grave e com repercussões tão dramáticas sobre a vida das pessoas no mundo todo, mas sigo confiante que os governos, em escala global, especialmente dos países mais ricos e desenvolvidos, tenham compromisso para encaminhar soluções de financiamento e cumprir as metas de redução das emissões de gases de efeito estufa.
O Brasil, nos últimos quatro anos, retrocedeu nas políticas de combate às mudanças climáticas, ao desmatamento e na proteção ao meio ambiente. Nesse período, o desmatamento aumentou significativamente, cresceram os garimpos ilegais na Amazônia, houve perseguição e assassinato de indígenas, dentre muitas outras barbaridades. Foram quatro anos de insanidade e negacionismo que nos transformaram em párias globais.
Mas a esperança venceu o ódio e o Brasil voltará a ser um importante ator no debate ambiental, como mostra o protagonismo do presidente Lula na COP-27.
O Brasil voltará a controlar o desmatamento, a promover o equilíbrio entre o agronegócio, a agricultura familiar e o meio ambiente. Voltará também a investir em energias renováveis, nos biocombustíveis e numa economia de baixo carbono. A Ciência voltará a assumir a centralidade no debate do desenvolvimento sustentável.
A COP-27, com a participação de Lula, é a volta do Brasil ao cenário internacional liderando o debate sobre o meio ambiente. É também o fortalecimento da esperança de um mundo economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente sustentável.
Márcio Macêdo é deputado federal (PT-SE), biólogo, mestre em desenvolvimento e meio ambiente e vice-presidente nacional do PT