O poder de compra das famílias brasileiras, em especial aquelas que têm renda de apenas um salário mínimo (R$ 1.212,00), está cada vez mais corroído por causa dos altos preços dos alimentos, que mesmo num mês de deflação como julho (-0,68%) tiveram reajuste de 1,30% no período. Com a incompetência e desleixo do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, o litro do leite, em algumas cidades do país, superou os R$ 9,00, muito acima do preço do litro de gasolina.
Com o fim da política de reajuste do salário mínimo acima da inflação, implementada pelo ex-capitão Bolsonaro desde 2019, quando assumiu a presidência da República, os brasileiros têm cada vez mais dificuldades em se alimentar. Hoje 33 milhões passam fome e outros 125 milhões de brasileiros não têm comida no prato nas três refeições diárias recomendadas.
Para piorar, desde maio deste ano, o valor de uma cesta básica está custando acima do salário mínimo, na capital paulista. A cesta com 39 itens de necessidade contendo alimentação, higiene pessoal e limpeza, para uma família de quatro pessoas, custa mais do que os R$ 1.212,00, de acordo com o levantamento mensal feito pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP em convênio com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A alta foi em julho em relação a junho foi de 1,24%, subindo de 1.251,44 para R$ 1.266,92. Ou seja, uma cesta básica que contenha itens dos grupos de alimentação, limpeza e higiene pessoal está custando R$ 54,92 a mais do que o valor do salário mínimo atual.
Inflação da cesta básica
Em janeiro deste ano o salário mínimo comprava uma cesta básica e sobrava R$ 112,02. Somente nos sete primeiros meses deste ano, o custo da cesta aumentou 16,4%, contra uma inflação calculada em 9,33% no período.
As perdas vêm sendo grandes desde setembro de 2019, quando o piso salarial era de R$ 998, 00, suficiente para comprar a cesta, que valia R$ 739,07, sobrando R$ 258,93 para o trabalhador. Ao somar os R$ 54,92 que faltavam para o atual salário mínimo adquirir uma cesta básica no mês passado, a perda é de R$ 313,85, destacou, em análise feita para o jornal Valor, Fernando Montero, ex-secretário-adjunto de Política Econômica do antigo Ministério da Fazenda.
Valor da cesta em 2022
Somente nos sete primeiros meses deste ano, o custo da cesta aumentou 16,4%, contra uma inflação calculada em 9,33% no período. Nos últimos doze meses, de julho de 2021 a julho de 2022, a alta dos alimentos foi de 18,98%. Os três produtos com maior variação positiva anual foram: cebola Kg (85,58%), batata Kg (80,63%) e leite UHT litro (71,90%).
Os preços mais altos foram encontrados nos itens do grupo limpeza com 2,29%; a alimentação também continua em alta, + 1,37%. A única queda foi no grupo higiene pessoal com menos 2,47%. Apesar de a alimentação não ter subido mais do que a limpeza, os três itens que mais subiram, em geral, foram o leite e seus derivados.
Leite: aumento astronômico
Por que o leite está tão caro? Essa é uma pergunta que milhares de brasileiros vêm se fazendo nos últimos dias ao se deparar com o litro do leite chegando, em algumas cidades do país, a mais de R$ 9,00. Os valores exorbitantes provocam indignação da população que compara o custo do litro de leite ao litro da gasolina, que está mais baixo do que o alimento.
Para muitos, e isso pode ser constatado em postagens nas redes sociais, os combustíveis se tornaram prioridade do governo de Jair Bolsonaro (PL) que derrubou os preços na marra para tentar melhorar a popularidade e, quem sabe, subir uns pontos nas pesquisas sobre intenção de voto. Já a inflação dos alimentos, que pesa mais nos bolsos dos mais pobres, não parece incomodar o mandatário.
Somente na cidade de São Paulo, de junho para julho, o valor médio do litro de leite UHT saltou 24,8%, chegando em média a R$ 6,79, de acordo com o levantamento do Procon-SP em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Já o litro da gasolina comum na cidade ficou em média R$ 5,95 – uma diferença de R$ 0,84 (14,1%), entre os dois produtos. Nos últimos 12 meses, o preço do leite em, São Paulo, subiu 72%.
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Redação PT na Câmara com CUT nacional