Reginaldo Lopes: O ódio virou política de Estado

Líder Reginaldo Lopes. Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips chocou o Brasil e todo o planeta. Mais um caso revoltante, que mostra como o governo neofascista de Bolsonaro tem estimulado a violência na Amazônia, com o desmantelamento de políticas públicas de preservação ambiental e de apoio aos povos indígenas e ribeirinhos. É imprescindível que as investigações sejam aprofundadas, para que os autores da barbaridade sejam presos e julgados, assim como os mandantes.

Como diz o ex-presidente Lula, a democracia e o Brasil não toleram nem podem mais conviver com a violência, o ódio e o desprezo pelos valores da civilização. Bruno e Dom viverão em nossa memória e já são, hoje, símbolos de luta em defesa do meio ambiente e dos povos indígenas.

O estímulo ao desmatamento, ao garimpo ilegal, à grilagem e à criminosa destruição de árvores seculares por facínoras madeireiros é a marca de Bolsonaro. Orientado por obscurantismo, negacionismo e ganância desenfreada de agentes econômicos atrasados, o atual governo ignora a imensa riqueza da biodiversidade da Amazônia e a importância da manutenção da floresta de pé, para garantir a vida aos seres que nela habitam e também garantir o seu papel na questão do clima global.

Lamentavelmente, a violência praticada por hordas que agem sem punição na Amazônia atinge toda a população brasileira. O desmatamento na Amazônia tem subido ano a ano no governo Bolsonaro. Em três anos de desgoverno, o desmatamento chegou a 13.038 km², um salto de 73% em relação a 2018.

Os assassinatos de Bruno e Dom fazem parte de uma política de Estado. Eles são vítimas do ódio instalado no país sob o comando do presidente da República, que estimula, na retórica e em iniciativas públicas, o armamento da população.

E o horror consegue transformar até um drone para uso agrícola em arma. Foi com um deles que bandidos atacaram os milhares de participantes da manifestação democrática que aconteceu em Uberlândia (MG), na última quarta-feira (15). Os meliantes, com ficha corrida e passagens pelo sistema prisional, jogaram uma substância química em idosos, crianças e todos que estavam ali apenas para democraticamente participar de uma atividade política.

Em comum, os assassinos da Amazônia e os bandidos de Uberlândia têm a atuação a favor do governo da milícia. São o braço armado de sustentação de uma coalizão que junta contraventores de todas as espécies, protegidos e estimulados por oficiais das Forças Armadas, que fazem parte da mesma quadrilha que assalta e destrói o Estado.

Presidente de esquerda eleito na Colômbia

Enquanto o Brasil está à deriva e a sociedade brasileira, desalentada, um exemplo benfazejo vem da Colômbia, com a vitória de Gustavo Petro e Francia Márquez. A memorável vitória do Pacto Histórico confirmou o desejo da população colombiana por uma mudança nos rumos da política interna de seu país, com um governo que respeite os direitos humanos, os Acordos de Paz de 2016, o meio ambiente e os direitos sociais e a cultura ancestral do país vizinho.

Trata-se de um novo caminho para toda a América Latina e o Caribe, que agora passa pela Colômbia, que sofreu décadas com a violência institucional. Que esses ventos de esperança e mudança soprem na direção sul e cheguem logo por aqui.

Artigo Publicado originalmente no jornal “O Tempo”

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