O deputado Paulão (PT-AL), em discurso contundente na tribuna da Câmara nesta quinta-feira (5), criticou a política econômica do governo Bolsonaro. Ele citou o aumento da taxa de juros, anunciado na noite de ontem, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “E qual é a consequência concreta, no mundo real? Isso atinge desde a pessoa mais simples ao pequeno, médio e microempresário. Quem fica no cassino financeiro tem lucro com isso, mas, para quem gera trabalho, gera renda neste País, essa consequência é nefasta. Esse é o modelo desse presidente que governa para a elite, para os ricos”, denunciou.
Ontem, o Copom decidiu elevar a taxa Selic, os juros básicos da economia, em um ponto percentual. Com isso, a Selic passou de 11,75% para 12,75% ao ano. Esta é a 10ª alta consecutiva da Selic, e a projeção é de que a taxa básica encerre 2022 em 13,25% ao ano.
Na avaliação do deputado, essa taxa de juros prejudica as camadas mais vulneráveis, a classe trabalhadora e a classe média. “O rentista não tem problema. Está aí qual foi o lucro dos acionistas da Petrobras depois que foi implantado o preço de paridade de importação — PPI. Toda vez que aumenta o dólar, a gasolina, o álcool, o diesel, enfim, todos os combustíveis aumentam. E com essa taxa de juros, nós teremos de novo o aumento dos combustíveis e, como consequência, inflação alta atingindo a camada mais vulnerável, a classe trabalhadora e a classe média”, alertou.
Volta da fome
Paulão relembrou que diferentemente de Bolsonaro, o ex-presidente Lula quando governou o País colocou na sua agenda as pessoas vulneráveis. “É por isso que ele conseguiu incluir 40 milhões de brasileiros e brasileiras na agenda política, tirando-os da fome e da miséria. Mas esse presidente irresponsável, devido a essa política nefasta, errática, faz com que 20 milhões de brasileiros e brasileiras voltem à fome”, protestou.
Segundo o deputado do PT alagoano, hoje, para comerem proteína, algumas pessoas têm que comprar osso para fazer sopa. “Isso antes era descarte. Não vendiam cabeça nem pé de galinha nas redes de supermercados. Hoje, isso serve para fazer a canja. É esse modelo de País que queremos? Não”, afirmou. Paulão acusou Bolsonaro de gerar discórdia, ódio e intolerância e reiterou: “Não podemos continuar nesse modelo”.
Golpe com o aval do centrão
O deputado Paulão alertou ainda que Estado Democrático brasileiro está em risco. “Tem razão o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, quando fala sobre as interferências das Forças Armadas, para discutir a urna eletrônica. Em qual país do mundo as Forças Armadas têm interferência no processo eleitoral? Em nenhum”, frisou.
Na avaliação do deputado, o que está sendo gestado no País é um golpe, “inclusive com o aval do centrão, com o aval do presidente desta Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), que coloca em pauta o modelo do semipresidencialismo, um regime que é esvaziar o poder do Executivo”, denunciou.
O que está em jogo, explicou Paulão, é um modelo chamado RP9 – do orçamento secreto -, no qual o relator do Orçamento da União no Congresso, tem, de forma discricionária, R$ 16 bilhões “para irrigar, sem critério nenhum, infelizmente, seus aliados”. Enquanto isso, continuou o deputado, há o esvaziamento de todas as políticas públicas.
“Então, o meu repúdio às articulações que estão sendo feitas pelas Forças Armadas, que não têm estatura moral de colocar em xeque a democracia. As Forças Armadas não podem ser avalistas da democracia. Na realidade, está sendo gestado um golpe, que a sociedade brasileira, com sua história e altivez, fará grande resistência”, adiantou.
Vânia Rodrigues