O deputado Jorge Solla (PT-BA) usou a tribuna da Câmara nesta terça-feira para lembrar que hoje, 19 de abril, é o Dia do Exército Brasileiro, uma data que marca a Batalha de Guararapes, ocorrida em 1648, em Pernambuco, na luta contra a presença dos holandeses. “Nos dias de hoje, eu quero lembrar a memória do General Lott, ministro da Guerra de Café Filho, que liderou o movimento do 11 de novembro de 1955 e interrompeu o golpe militar, garantindo que Juscelino Kubitschek e João Goulart, eleitos pelo voto popular, fossem empossados”.
O deputado frisou que queria deixar a sua homenagem aos militares sérios, “honrados, verdadeiros patriotas que, como Lott, não se curvaram ao golpismo, ao entreguismo, ao fascismo desse atual governo, à tortura e a todas essas características nefastas que tivemos na ditadura militar”.
Jorge Solla disse que deixava a sua homenagem aos militares que se envergonham da ditadura militar de 64. “Gente, os arquivos do Supremo Tribunal Militar são de revirar o estômago, são mais uma prova de como esse regime foi sanguinário, torturava cruelmente até mulheres grávidas”, afirmou.
O parlamentar enalteceu ainda os militares que se envergonham das relações “prostituídas entre oficiais graduados e o atual governo”, que estão levando, mais uma vez, “para a lama” toda essa instituição. “Nós também deixamos o nosso reconhecimento. Eu não estou falando só do escândalo da compra de Viagra, de próteses penianas, com dinheiro público, para ‘generais de pijama’ se reunirem para exaltar ditadura — e tudo isso regado à picanha, cerveja puro malte, litros de uísque e de leite condensado; tudo pago com a grana, com o imposto do trabalhador; gente, isso é muito constrangedor —, não para por aí”, lamentou.
Lei Rouanet
Jorge Solla citou que são mais de 8 mil militares em cargos comissionados do governo, “o maior aparelhamento da história da República”. Ele disse que a absoluta maioria não tem nenhuma qualificação para os cargos que ocupam. “Há militar que até hoje só fez dar tiro e foi nomeado para chefiar Lei Rouanet na cultura. Ele nunca soube nem o que é cultura, muito menos o que é Lei Rouanet”, criticou.
No meio ambiente, continuou o deputado, estão operando uma tragédia, um verdadeiro desmonte do Ibama, do ICMBio. E, na saúde, ele afirmou que o ministro general comandou o maior “genocídio” em curto espaço de tempo de nossa história. “Botou laboratório do Exército para produzir cloroquina superfaturada enquanto outros militares, dentro do Ministério, cobravam até 1 dólar de propina por dose de vacina. Uma verdadeira quadrilha”, denunciou.
Dia dos Povos Indígenas
Jorge Solla lembrou também que hoje é o Dia dos Povos Indígenas. “E, em vez de protegerem a nossa população indígena, os militares do governo Bolsonaro são cúmplices também do genocídio dos povos originários em nosso País”, acusou.
O deputado concluiu afirmando que aos militares que sentem vergonha da destruição da imagem das Forças Armadas, diante da atuação dos oficiais bolsonaristas, “nós prestamos o nosso profundo respeito neste 19 de abril”. “E os militares que comandaram o regime militar de 64 foram para a história como assassinos, torturadores. Os que estão com o neofascista Bolsonaro caminham para a história como corruptos, genocidas, antinacionalistas, entreguistas, antipatriotas, culpados de crime de lesa-pátria”.
Vânia Rodrigues