A recuperação do turismo no Brasil passa pela adoção de políticas públicas de Estado como planejamento estratégico e fomento ao setor. Essa foi a conclusão dos participantes do Seminário Resistência, Travessia e Esperança, realizado nesta segunda-feira (18), que discutiu o Turismo como Vetor Estratégico para o Desenvolvimento Econômico Brasileiro. O evento foi promovido pelas bancadas do PT na Câmara e no Senado, pelo PT Nacional, pela Fundação Perseu Abramo e Instituto Lula, e coordenado pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR).
Ao participar do Seminário, o Líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), defendeu que em um futuro governo Lula as políticas públicas fortaleçam o setor do turismo, com olhar especial sobre as micro e pequenas empresas do setor.
“Um país tão rico em paisagens naturais como o Brasil precisa retomar políticas públicas que viabilizem sua vocação para o turismo interno e para atrair turistas internacionais ao país. Essas medidas precisam estimular ainda a distribuição de renda ao descentralizar o setor, promovendo as nossas micro e pequenas empresas que atuam no turismo”, defendeu.
O ex-ministro do Turismo no governo Lula Luiz Barreto destacou que para isso será necessária uma política emergencial a fim de recuperar o tombo sofrido pelo setor com a pandemia. Ele disse que antes do atual momento o País contava com mais de 1,735 milhão de empresas, que empregavam diretamente 3,5 milhões de brasileiros e que correspondia a 7% do PIB.
Fomentar turismo interno
“Precisaremos de um plano emergencial para recuperar o número de turistas perdidos. Temos também que fomentar o turismo interno, de jovens e de idosos pelo País, além de recuperarmos o orgulho de muitos brasileiros que na época do Lula colocaram em sua “cesta básica” as viagens e o lazer. Quantas pessoas tiveram condições de fazer sua primeira viagem no governo Lula? Temos que recuperar isso”, observou.
No entanto, Luiz Barreto ressaltou que também será necessário recompor o orçamento do Ministério do Turismo para a promoção dessas políticas públicas.
“O Estado tem que ter um papel de indutor da economia para preservar empregos, gerar renda e crédito, inclusive a fundo perdido. Para isso teremos que recompor o orçamento do Ministério do Turismo, que era em 2010 de R$ 4,23 bilhões e passou em 2022 para apenas R$ 414 milhões, menos de 10% do que era a doze anos atrás”, comparou.
Ao também defender a adoção de políticas públicas para fomentar o turismo, o presidente da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur), Bruno Reis, citou como exemplo de sucesso o desenvolvimento alcançado pelo Rio Grande do Norte. Ele informou que após medidas adotadas pelo governo estadual, comandado pela petista Fátima Bezerra, o destino turístico nordestino foi o primeiro do País a obter chancela internacional de viagem segura na pandemia. Segundo ele, a marca do Rio Grande do Norte também foi reposicionada no exterior.
“Também implantamos um sistema de inteligência para a tomada de decisões turísticas, com o sistema Sirio, que alcançou a 1ª colocação em uma premiação internacional. O resultado do trabalho de dois anos é que o Rio Grande do Norte, que antes figurava em 5º ou 6º de destino mais visitado do Brasil, passou a ser o destino mais vendido do Brasil em muitas operadoras de turismo”, comemorou.
O especialista no setor ressaltou que o Brasil precisa, antes de tudo, de uma política para recuperar os turistas que deixaram de vir para o Brasil após a pandemia. Bruno Reis apresentou dados que apontam queda de 87% no fluxo de turistas internacionais para o Brasil. Se em 2021 o País recebeu 674 mil turistas vindos do exterior, em 2019 o país recebeu 6,3 milhões de turistas.
Fortalecer o Ministério do Turismo e criar produtos
O ex-Secretário Nacional de Políticas de Turismo e Ex-Diretor Presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) Milton Zuanazzi lembrou que no governo Lula foi criado o Ministério do Turismo e o 1º Plano Nacional de Turismo. No entanto, ele lembrou que nada relativo a esse plano tem sido tirado do papel no governo Bolsonaro.
“Não houve uma reunião sequer do Conselho Nacional de Turismo. Para se ter ideia de como esse governo trata o turismo, fui a uma feira internacional em Lisboa e no estande do Brasil tinha uma foto do Bolsonaro. Isso é ridículo, nem mesmo um ditador como o da Coreia do Norte seria capaz disso”, criticou.
Segundo Zuanazzi, para estimular o turismo o Brasil precisa utilizar melhor seus inúmeros atrativos naturais e culturais. “Nós não temos muitos produtos turísticos. Por exemplo, apesar de ser o País do carnaval um turista estrangeiro que chega ao Rio de Janeiro em setembro, querendo aprender a tocar tamborim, não consegue. Já o turista que chega a Buenos Aires e quer aprender a dançar o Tango, consegue um instrutor o ano todo. O Tango se transformou em um produto, isso não temos muitos no Brasil”, comparou.
Héber Carvalho