Em entrevista à rede de televisão CNN, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), reafirmou a proposta do partido de resgatar os direitos dos trabalhadores retirados pela Reforma Trabalhista aprovada em 2017. “O verbo não é importante, se é revogar, revisar, ajustar. O fato é que nós temos que consertar o que deu errado. E essa reforma deu errado”, respondeu Gleisi ao questionamento da entrevistadora, que disse ser o tema causa de “ruído” no mercado.
Gleisi lembrou que, quando fizeram a Reforma Trabalhista, a promessa era geração de empregos e desenvolvimento. “Passaram-se cinco anos, tivemos o desemprego crescendo e não tivemos desenvolvimento no País. Isso mostra que retirar direitos dos trabalhadores não é o caminho”, apontou ela. De acordo com Organização Mundial do Trabalho (OIT), o Brasil terá 14 milhões de desempregados em 2022, e o PIB, segundo a ONU e o FMI, será um dos piores do mundo.
“Qual a modernização do trabalho intermitente”, indagou Gleisi como exemplo, se referindo aos argumentos dos empresários que defendem a continuidade da atual legislação trabalhista. “O que de moderno tem a situação em que o trabalhador ganha por hora, sem direito a um salário mínimo no mês, sem direitos básicos de acesso à saúde e previdência”, questionou. “Moderno para quem? Moderno é ganhar pouco, comer pouco, não ter direito?”, completou.
“Na essência, foi ruim. Retirou direitos, precarizou o trabalho, enfraqueceu a Justiça do Trabalho e os sindicatos, e não gerou empregos”, afirmou. “Qual é a justificativa de tirar renda, empregos e colocar o desenvolvimento para baixo. A reforma deu errado, não deu resultado”, criticou Gleisi. E destacou que “nós precisamos ter os nossos trabalhadores com direitos, com empregos, com renda. É isso que vai garantir o desenvolvimento do País”.
A presidenta do PT deixou claro que o partido defende a necessidade de “fazer um conserto” no que deu errado, e que isso será feito com a sociedade, com os trabalhadores, Estado e empresários. Mas, ressaltou, que o debate precisar resultar em um país que gere empregos, renda, salário digno e que as pessoas possam consumir”.
Segundo Gleisi, Lula tem propostas claras para isso: o desenvolvimento tem que ser forte, temos que ter um grande programa de investimos, o Estado tem que estar presente na vida das pessoas, as pessoas tem que ter renda, emprego”, disse. “Poder de consumo, alavanca a economia, o desenvolvimento”.
Para Gleisi, “direito de trabalhador não é ruído” e o “mercado” e os empresários precisam reconhecer a realidade do País e apresentar suas propostas. “Nós estamos esperando a proposta deles para o Brasil, para o povo brasileiro. Esta gente que ganha tanto dinheiro no mercado, o que faz pelo país, pelo desenvolvimento?”, cobrou. “Como nós vamos tratar a pobreza, como nós vamos tratar o desemprego, como vamos tratar a fome? Isso não pode ser coisa colateral, isso é a essência, o povo é a essência de um país”, reafirmou. “Nós precisamos falar a esse respeito”.
Teto de gastos
“Nós somos contra o teto de gastos, somos contra qualquer tipo de âncora fiscal”, respondeu Gleisi ao questionamento sobre outra “preocupação” do mercado. “Isso não tem justificativa. O equilíbrio fiscal se dá pelo modelo de desenvolvimento, quando a economia cresce, o fiscal fica equilibrado. Com a economia depressiva que estamos vivendo, nem que tivéssemos três tetos de gastos conseguiríamos ter equilíbrio fiscal”, afirmou.
“O mercado não tem condições de defender uma coisa que ninguém respeita”, afirmou Gleisi. “Esse teto de gastos já foi abandonado por todos, nem quem aprovou o teto respeitou”, disse. “Aprovaram o orçamento de guerra, medida provisória, crédito fiscal no Congresso”, lembrou. “O mundo está na contramão do que está fazendo o Brasil. A gente não elege um governo pra cuidar do fiscal, elege pra cuidar do povo”, completou.
Federação de partidos
Ainda na entrevista, Gleisi também falou sobre a construção da Federação de partidos, afirmando que o PT está disposto, empenhado na construção e no diálogo”. Gleisi lembrou que nesta semana foi realizada reunião com os principais dirigentes nacionais do PSB, em Brasília, para avançar os debates que terão continuidade na próxima quarta-feira, em Pernambuco. Na mesma reunião, os partidos decidiram pedir ao TSE ampliação do prazo para formação das Federações.
Por fim, Gleisi afirmou que o PT não tem problema em debater qualquer tema, com Sergio Moro, Ciro Nogueira ou qualquer outro integrante do atual governo, em especial sobre corrupção. “Fizeram negociatas com o governo norte-americana, entregaram os segredos da Petrobras, fizeram a Petrobras pagar multa aos EUA sem dever e mudaram todo o marco regulatório do pré-sal”, denunciou. “O que nós temos? Gasolina cara, diesel caro, gás de cozinha caro. Era isso que o Moro queria?”, cobrou.
Do PT Nacional