Profissionais de comunicação, sindicalistas e representantes de movimentos sociais solicitaram dos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) apoio na coleta de assinaturas que permitam a apresentação do projeto de lei de iniciativa popular que estabeleça um novo marco regulatório para as comunicações no país. Chamada de Lei da Mídia Democrática, a iniciativa foi apresentada em audiência pública da comissão, que aconteceu na segunda-feira (25), a pedido dos deputados Durval Ângelo (PT) e Celinho do Sinttrocel (PCdoB).
Segundo o deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG), a proposta de lei foi construída na Conferência Nacional de Comunicação, que reuniu cerca de 400 delegados de todas as regiões do país. Ele defendeu que as reformas política e das comunicações são os dois grandes déficits democráticos no Brasil.
“As mídias, hoje, estão concentradas nas mãos de poucas famílias e grupos econômicos que exercem, ainda, a ilegalidade por meio da propriedade cruzada, sendo donas de veículos de rádio, TV e jornais ao mesmo tempo”, denunciou. O parlamentar lembrou que, para que o projeto possa tramitar no Congresso Nacional, são necessárias 1,3 milhão de assinaturas.
A diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais e coordenadora do Comitê Mineiro do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Lidyane Ponciano, reforçou que a maior motivação para um novo marco regulatório é o fato de as concessões de imprensa estarem nas mãos de poucos grupos há muito tempo.
De acordo com ela, o projeto de iniciativa popular pretende, entre outras ações, promover uma maior diversidade de expressão, a livre concorrência das empresas de comunicação, mais igualdade racial e liberdade de opinião. “Hoje, apenas dez grupos controlam 70% das concessões e existem 271 políticos ligados a empresas de comunicação”, lamentou.
Lidyane também destacou que há interesse da população para que sejam definidas novas regras para o segmento. “Uma pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo mostrou que 71% das pessoas querem mais regras para o que é veiculado na TV e 61% acham que as emissoras dão mais espaço para as empresas do que para os trabalhadores”, disse.
O vice-presidente do Sindicato dos Professores do Estado (Sinpro-MG), Marco Eliel Santos de Carvalho, criticou a concentração de poder e verbas públicas nas mãos dos grupos que controlam a mídia. Segundo ele, as reivindicações dos movimentos sociais no que se refere à democratização dos meios de comunicação não avançam e há um sucateamento das emissoras de TV públicas. “A legislação é antagônica e concentradora. A definição de um novo marco regulatório se faz urgente e tem o apoio popular”, reforçou.
O editor do Portal Minas Livre, Aloísio Lopes, fez coro às palavras do vice-presidente do Sinpro-MG e disse que não há transparência sobre quanto é repassado em termos de verbas públicas às empresas de comunicação. Segundo ele, a proposta popular não é de regulação, mas de democratização do conteúdo veiculado.
O diretor de Assuntos Institucionais da Oficina de Imagens Comunicação e Educação, Adriano Celso Guerra, também lamentou o significativo repasse de verbas públicas aos veículos de mídia no Estado e pediu uma legislação menos concentradora.
O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo, defendeu que o amadurecimento democrático do Brasil precisa da definição de leis que regulem o segmento. Ele criticou a concentração de poder das mídias em escassos grupos familiares e econômicos e alertou que a maioria dos países desenvolvidos conta com uma legislação específica.
Sobre isso, o ativista de rede e blogueiro Beto Mafra reforçou que a regulação existe no mundo todo, sendo o Brasil uma exceção. “A censura é exercida pela grande imprensa, que domestica a sociedade e atende a interesses de poucos”, salientou.
O deputado Rogério Correia (PT) disse que o momento para o debate é oportuno, tendo em vista as manifestações populares e o que ele chamou de situação de mídia controlada em Minas Gerais. Para ele, o governo do estado censura os veículos de comunicação para acobertar supostas ações lesivas contra o cidadão mineiro.
Fonte: Assembleia de Minas e reprodução do Site vermelho