Em discurso na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (10), o deputado Rogério Correia (PT-MG) traçou um paralelo entre a atuação da justiça do Brasil e a do Chile quando se tratam de personagens políticos. O deputado contou que assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, também foi pego em transações suspeitas em um paraíso fiscal.
A diferença, explicou Correia, é que Piñera pode sofrer impeachment, enquanto Guedes foge de sabatina sobre offshore na Câmara. No Chile, o Ministério Público abriu uma investigação para apurar se houve pagamento de propina e violações tributárias na venda de uma empresa mineradora, a Dominga, nas Ilhas Virgens, um paraíso fiscal. Já no caso de Paulo Guedes não se sabe a quantas anda a investigação preliminar aberta pela Procuradoria-Geral da República.
“É pena que o Paulo Guedes não está aqui. Sumiu. Ninguém sabe onde ele está. Estava marcado que ele viesse hoje à Câmara para tentar explicar os milhões que ele ganhou com especulação de dólar no exterior, através de contas de offshore. Aliás, isso está dando impeachment do presidente do Chile, exatamente porque ele pegou dinheiro do povo chileno, especulou em offshore, ganhou muito dinheiro e vai ser impeachmado”, comparou Rogério Correia.
Pesam sobre o ministro bolsonarista três representações que foram protocoladas no Supremo Tribunal Federal. A existência da offshore Dreadnoughts International, na Ilhas Virgens Britânicas, foi revelada pela investigação Pandora Papers, realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Segundo a investigação, em 2014, na época da abertura, a empresa tinha um capital de U$ 8,5 milhões. No ano seguinte, fez-se outro investimento, de U$ 1,5 milhão.
“Ele tem que explicar como, em mil dias, ganhou R$ 14 milhões apenas especulando com o dólar numa conta no exterior. Ele não explicou ao povo brasileiro, até hoje, como ele vai ficando milionário às custas do aumento do dólar e da fome do povo”, cobrou Correia ao se referir à fortuna offshore de Paulo Guedes, que aumentou com a alta do dólar.
Fujão recorrente
Segundo Rogério Correia, a fuga de Guedes é recorrente. O parlamentar frisou que o ministro Bolsonarista, com a ausência desta quarta-feira, foge pela segunda vez de dar explicações sobre a empresa em paraíso fiscal que lhe rende cifras milionárias.
Benildes Rodrigues, com informações de Agências