A sessão do filme Marighella no assentamento Jacy Rocha, em Prado, no extremo sul da Bahia, foi marcada por pronunciamentos e debates envolvendo a atual conjuntura política do Brasil. E não era para menos, já que até o diretor da película e parte do elenco estiveram presentes. Para o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), que recepcionou o grupo no assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no último final de semana, “a resistência de Marighella à ditadura é uma inspiração ao que os movimentos sociais e sindicais estão fazendo contra governo Bolsonaro atualmente”.
Valmir Assunção também defendeu o legado de Marighella falando da importância da memória e sugeriu que a Bahia construa um memorial onde foi a casa do guerrilheiro na Baixa do Sapateiro, em Salvador.
“Negro, baiano e ligado a movimentos de luta por democracia e resistiu à ditadura militar. Esse legado que temos de preservar sobre Marighella e nada mais justo que uma sessão de cinema em assentamento de reforma agrária para reforçar isso. Marighella lutou contra a repressão e por liberdade de expressão. Em Prado, o cinema nacional foi valorizado e chegou até o povo. A sessão foi realizada em lugar onde o acesso ao cinema é baixo. Por isso a importância desse processo aqui na Bahia. Além do mais, para manter esse legado do guerreiro do povo, nada mais justo que um memorial na casa onde ele viveu na capital baiana”, sintetiza Valmir, ao lado de membros da direção nacional e estadual do MST.
Para o diretor Wagner Moura, “apresentar o filme nesse assentamento nos dá a sensação de que finalmente o filme encontra com seu público”. Para ele, a sessão no assentamento foi a mais importante que o filme já fez nesse período de lançamento. “O MST nos inspira e essa é uma noite que faz com que ser artista tenha sentido, que signifique algo”.
Quem também falou para o público foi o ator Pastor Henrique Vieira, que faz parte do elenco do longa. Ele disse que “é preciso acabar com o fundamentalismo religioso, que mata negros, mulheres e LGBTIQ+. Se Jesus estivesse vivo seria alvo de Bolsonaro”, salientou o pastor.
A dirigente nacional do MST, Lucineia Durães, reafirmou a importância da exibição do filme em um assentamento que vive momento de ameaça. “A história que vemos no filme é a história de muitos meninos e meninas pretas que estão espalhados pelos acampamentos de todo o Brasil. Também tivemos o plantio de duas mil mudas de árvores no bosque que nomeamos de Carlos Marighella”, frisou.
Foram dois dias de evento, embora a exibição do filme Marighella tenha ocorrido na noite do último sábado (6), as atividades começaram na sexta-feira (5), com Jornada da Juventude Campo e Cidade, com atividades de formação política e agitação e propaganda, além da Feira Agroecológica, com produtos livres de agrotóxicos produzidos em áreas da Reforma Agrária da Bahia.
Assessoria Parlamentar