Por Alencar Santana Braga (PT-SP)
A hipocrisia do clã Bolsonaro não resiste a uma simples foto. Acostumada a apontar sua máquina de ódio contra Cuba, Venezuela, Bolívia e até a Argentina, mais recentemente, a família não teve pudor de divulgar esta semana uma foto de Eduardo Bolsonaro trajado como um magnata árabe em Dubai, nos Emirados Árabes, uma ditadura sanguinária cujo chefe, o emir Mohammed bin Rached al-Maktum, ordenou o sequestro das próprias filhas e ameaçou de morte a ex-esposa.
Mulheres não têm direitos no lugar onde Eduardo Bolsonaro posou com a esposa e a filha. E qualquer crítica ao “dono” do país é punida com a pena de morte. Não existe qualquer tipo de imprensa livre local e jornalistas estrangeiros são monitorados e perseguidos quando publicam ou dizem qualquer coisa que desagrade o emir ou os seus funcionários.
Mas o pior é o contraste entre o esbanjamento da família Bolsonaro e seus amigos, pago com dinheiro dos contribuintes, e a situação famélica que mais de 20 milhões de pessoas estão vivendo em nosso país.
A comitiva do governo Bolsonaro para uma feira de negócios nos Emirados Árabes vai gastar quase R$ 3,6 milhões para apenas 69 pessoas, média de R$ 52 mil por pessoa, enquanto no Brasil se multiplicam as cenas de pessoas cercando caminhões de lixo para catar restos de comida. Só na última semana estas cenas grotescas foram registradas em Fortaleza e Olinda.
De um lado, o poema “O bicho”, de Manuel Bandeira, voltou a ser atual com as políticas neoliberais de Bolsonaro e Paulo Guedes que promovem a fome e a miséria. Do outro, a mamatocracia da “família real” brasileira, que já queimou mais de R$ 50 milhões em gastos no cartão corporativo da presidência da República.
Collor de Mello teve os seus marajás. E Bolsonaro tem o seu sheik árabe, que também é falso, como tudo relacionado ao clã miliciano que não tem qualquer princípio de moralidade ou de respeito ao patrimônio público. Toda a histeria que a família Bolsonaro e seus seguidores promovem nas redes não vale quando se trata dos atos que eles praticam.
Jair Bolsonaro transformou o governo numa empresa para promover os seus interesses econômicos e políticos. E esse é mais um motivo pelo qual defendemos o seu afastamento do cargo de presidente, que exige dignidade, impessoalidade e moralidade para o seu ocupante.
*Alencar Santana Braga é advogado e deputado federal (PT-SP). Foi vereador em Guarulhos e deputado estadual.
** Publicado originalmente na Tribuna da Grande São Paulo