Mesmo com as controvérsias que se apresentam, considerando as circunstâncias em que se deu a Independência brasileira, ocorrida 1822, com um grito dado sem povo, que não representou uma vitória popular, mas um arranjo das elites que governavam, o país sempre comemorou esta data com desfiles cívicos-militares e festas e com as formas diversas de luta que nos eram dadas a cada momento.
Em 1995 foi realizado o primeiro Grito dos Excluídos, uma forma mais representativa de comemorarmos a data, com um conjunto de manifestações, em vários cantos desse país, aproveitando o espírito nacional da data para denunciar os mecanismos de exclusão social existentes e lutar pelos direitos à liberdade e à vida, buscando saídas para que se possa ser senhores e senhoras dos seus destinos.
Um movimento conduzido, desde o seu início, pelas pastorais sociais, com o apoio Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a participação das várias entidades sociais e populares.
Participo do evento, como cidadão, ora na organização, ora coordenando e, desde que fui eleito deputado estadual e federal, na qualidade de parlamentar, levando o meu apoio, promovendo a sua divulgação e cuidando dos compromissos dali demandados.
Em 1995 celebramos a vida como direito, com o lema foi “A vida em primeiro lugar”. O tema que se repete 2021, com o lema: “A vida deve estar em primeiro lugar”, em razão da situação de fome e miséria que se abate sob toda população, com a política genocida, capitaneada por Bolsonaro e, principalmente, com a morte de mais de 580 mil brasileiros e brasileiras, por conta da negligência do governo, no enfrentamento à Covid-19, na disponibilidade das vacinas e na assistência médica e social dos contaminados.
Os temas do Grito dos Excluídos sempre se referem à luta por direitos, como trabalho e terra para viver, justiça e dignidade, por soberania, direito à terra, por reforma agrária popular, pela superação da violência no campo e nas cidades e pelo direito à saúde e a vida.
Desconsiderando as necessidades do povo e preocupado com a sua imagem, que vai derretendo, além da avaliação do seu governo que atua de forma negligente com o tratamento da pandemia, displicente com as demandas do povo por emprego, renda, saúde, educação e com 60% da população (125,6 milhões de pessoas) vivendo em situação de insegurança alimentar, o presidente Bolsonaro, mais uma vez, quer chamar a atenção, neste 7 de setembro de 2021, divulgando um ato inconstitucional e vergonhoso, tanto internamente como do ponto de vista internacional. Atos que podem se transformar em temerosas arruaças e para os quais o presidente promete, aos seus seguidores, comparecer em Brasília e São Paulo, protestando contra o Supremo Tribunal Federal e contra todos que se coloquem contra suas insanidades.
O Brasil não aguenta mais Bolsonaro e suas atitudes ameaçadoras às liberdades e à democracia, ninguém pode mais viver com um governo que se preocupa com as grandes corporações, com o setor financeiro e com o agronegócio e que sugere que o povo compre fuzil ao invés de feijão, quando a população passa fome e vive em situação de miséria e nas ruas das grandes capitais e grandes cidades do país. Um governo que tenta se mostrar como honesto, mas que tem a família suspeita de falcatruas e um ministério, pelo menos até então, envolvido em casos de grande corrupção, como tem demonstrado a CPI da Covid, com a destruição dos controles internos do Ministério da Saúde e pagamentos indevidos na compra de vacinas.
Vamos aproveitar o Dia da Independência para fazer uma grande mobilização nacional pelo “Fora Bolsonaro” e exigir que a Justiça apure os casos de denúncias de crimes de prevaricação e de omissão grave em relação à pandemia da Covid-19, além dos crimes contra a ordem constitucional, ao atentar contra as instituições públicas e incentivar o povo a romper com a Constituição brasileira, em atitudes de quebra das regras institucionais.
Vamos aproveitar o Grito para fortalecer a nossa luta de reconstrução do País que está sobrevivendo, a duras penas, a esse governo genocida e aglutinar forças para os enfrentamentos que teremos até o final de 2022.
Lutemos pelo retorno a um país em que justiça, a igualdade e solidariedade sejam nossa marca e que o nosso grito seja de vitória contra esse governo neoliberal e fascista.
João Daniel é deputado federal e presidente estadual do (PT-SE)