Em clima de confraternização, o ex-presidente Lula encerrou visita ao Maranhão nesta sexta-feira (20). Ao lado do governador Flávio Dino, da presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e de lideranças de movimentos sociais, Lula falou sobre a conjuntura política nacional e os desafios do campo progressista diante do desmonte do estado brasileiro promovido por Jair Bolsonaro.
“É muito importante que a gente comece a fazer uma reflexão sobre o que está acontecendo no país, no passado recente e agora”, disse Lula. “Nunca imaginei que depois dos avanços da Constituição de 88 a gente voltasse a uma situação de anomalia democrática como essa”, apontou o ex-presidente, em referência direta ao governo golpista de Bolsonaro. “O Brasil nunca precisou tanto da esquerda governando como agora”, refletiu.
Lula lamentou a catástrofe econômica e social promovida por Bolsonaro. “19 milhões de pessoas estão passando fome, 34 milhões estão em estado de insegurança alimentar”, relatou o presidente, pontuando que o atual quadro nacional “não pode ser normal”.
“Temos um governo que não usa palavras como crescimento econômico, distribuição de renda, agricultura familiar”, apontou Lula. Ele destacou que as políticas públicas devem incluir o povo no orçamento para o país promover desenvolvimento. E citou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), responsável por uma revolução social no campo.
“Era o PAA que garantia que o trabalhador produzisse. Acabou. Foi por água abaixo em nome de que? Por qual razão? Por que querem vender a Eletrobras, privatizar os correios? Em nome de que? País que não tem bancos, empresas públicas, não tem soberania. E um país sem soberania é um pais à deriva, governado por um genocida que não tem respeito por 600 mil vidas perdidas”, observou.
“O aumento da gasolina é resultado da falta de soberania”, opinou. Para Lula, regular o preço do combustível pelo mercado internacional é uma insanidade, uma vez que o Brasil é autossuficiente na produção petróleo. “Não importamos gasolina porque precisamos, mas porque o governo é fraco”.
Impeachment e esperança
O líder petista disse ainda não acreditar que Bolsonaro sofrerá um processo de impeachment e que caberá ao povo brasileiro remover o extremista de direita do Palácio do Planalto. “É o povo trabalhador quem vai salvar o Brasil”, apostou. “A Câmara não vai colocar impeachment em votação. Vocês é quem terão de tirar Bolsonaro do governo em 2022”, sentenciou Lula.
“Não é tarefa fácil, mas não temos saída. Precisamos falar mais alto, recuperar a indignação para salvar nossos filhos e netos. Esse país pode ser grande, justo, democrático. Vamos lutar porque esse país não pode ser destroçado, continuar quebrado”, clamou Lula. Ele comentou ainda que a população não deve temer os bolsonaristas, que “gostam de assustar o povo”. “Vamos trazer a esperança de volta”, prometeu.
Balanço
A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fez um balanço das atividades da comitiva liderada por Lula no Nordeste e cuja agenda será encerrada na próxima semana, após percorrer seis estados.
“Essa viagem é para conversar com as pessoas, ouvir as lideranças políticas, sociais, saber o que está acontecendo em cada região e unir forças para enfrentar esse governo de desconstrução de Jair Bolsonaro”, disse Gleisi. “O povo não merece esse presidente e nós temos condições de mudar essa realidade, seja tirando ele agora ou em 2022”.
Gleisi agradeceu a militância pela luta nos últimos cinco anos, seja denunciando o golpe contra Dilma Rouseff ou defendendo o presidente Lula. “Foram cinco anos com muitas dificuldades e problemas, mas nossa militância não baixou a cabeça, não se entregou, foi à luta em nome da verdade”, discursou. “Hoje temos o presidente Lula livre e inocente e isso é uma vitória dessa persistência”.
Memorial da Verdade
Gleisi falou ainda da importância do livro Memorial da Verdade, disponível para download no site do PT. O documento restabelece os fatos e faz justiça a Lula e ao partido. “Porque perseguiram Lula? Não foi para combater a corrupção, foi para destruir a Petrobras, entregar nossas riquezas aos interesses estrangeiros, tirar o poder do Estado e as políticas sociais”, disse Gleisi.
Gleisi mencionou ainda o massacre midiático a que foram submetidos Lula e o PT a partir do golpe contra Dilma, em 2016. Só o Jornal Nacional, da Globo, fez 13 horas de matéria contra o ex-presidente. “Foram 55 capas de revistas negativas ao presidente Lula, os três grandes jornais fizeram 693 editoriais críticos a Lula e ao PT”, lembrou. “Mas resistimos porque não tergiversamos com a verdade”.
Flávio Dino
O governador do Maranhão Flávio Dino saudou Lula, enalteceu as experiências positivas dos governos do PT e disse que o modo petista de governar é um exemplo para o Maranhão. “A originalidade, a força e todas as vitórias que o senhor expressa, derivaram da ideia de se fazer política com verdade, com o povo e com o coração, com um sentimento de amor real pela população”.
“O segundo ensinamento é saber priorizar as políticas públicas para quem mais precisa”, ressaltou Dino. O governador afirmou que o Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA), visitado por ele e Lula, é um espelho das experiências federais que deram certo.
O governador reafirmou sua lealdade ao ex-presidente e à Dilma Rousseff. “Lealdade exige uma atitude só, não pode ter duas caras. É preciso coragem”, disse Dino, lembrando que lutou ao lado de Dilma até o fim do processo de impeachment.
Da Agência PT de Notícias