“É possível reconstruir o País”, garante Lula em Pernambuco

Lula no Nordeste - Foto: Ricardo Stuckert
Lula no Nordeste - Foto: Ricardo Stuckert

“Tenho total certeza de que é possível reconstruir o País”, afirmou Lula, nesta segunda-feira (16), em entrevista coletiva concedida no Recife, capital de Pernambuco, primeiro dos seis estados visitados por ele e por lideranças do Partido dos Trabalhadores em uma viagem que, até o dia 26, percorrerá ainda Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia.

Lula explicou que o objetivo da visita à região é discutir com os partidos aliados e o movimento social a situação do país, reunindo o maior número possível de pessoas que possam trabalhar juntas para reerguer a economia, a soberania e a democracia brasileiras. Isso significa deixar pequenas diferenças de lado, ressaltou: “Estamos aqui com alegria e sem ódio, porque, na minha idade, e diante da situação em que está o povo brasileiro, a gente não pode pensar em briga menor”.

A reconstrução exigirá trabalho e muito esforço coletivo. “Nunca imaginei que, depois da Constituinte de 1988, fôssemos voltar à situação que estamos vivendo. Que depois de todos os avanços no processo democrático brasileiro, fôssemos ter este retrocesso, de ter um governante totalmente irresponsável, que não tem preocupação nenhuma com a verdade, que faz questão de mentir quatro, cinco vezes por dia, sem nenhum compromisso com a questão social, com as vítimas da Covid-19”, disse o ex-presidente (assista à íntegra abaixo).

Golpe e destruição

De acordo com Lula, fica cada vez mais claro que a eleição de Jair Bolsonaro foi resultado de um movimento que tentou criminalizar tanto a ele quanto ao PT e tinha como princípio negar a política, com o objetivo, sobretudo, de destruir parte do patrimônio industrial do país. “Não era pouca coisa o pré-sal. Quando decidimos construir refinarias aqui em Pernambuco e no Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte, a gente via o pré-sal como passaporte do futuro. A gente não queria ser exportador de óleo cru. A gente queria ser exportador de derivados. Porque o pré-sal foi a maior jazida de petróleo descoberta no século 21 e não sabemos se existe outra”, lembrou.

O ex-presidente ressaltou que, a partir da Lava Jato, 4,4 milhões de empregos foram perdidos com o desmonte das indústrias naval e de óleo e gás e com o ataque às construtoras, que estavam se tornando as maiores empresas de engenharia do mundo. “Nós incomodamos interesses privados e geopolíticos dos Estados Unidos e de outras pessoas. Hoje, foi provada a mentira. Está provado que a mentira foi montada em parceria com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, com o Ministério Público da Suíça. E, graças a Deus, nós conseguimos obter todas as informações e desmentir a falcatrua que foi montada”, afirmou.

Quem mais sofreu com todo esse ataque foram os mais pobres e a classe trabalhadora. “Os trabalhadores já não têm mais suas garantias, a Previdência Social foi desmontada e voltamos ao trabalho escravo. Porque um trabalho que não garante salário fixo, seguridade social, remuneração de sábado e domingo, férias e 13º salário, eu pergunto: que trabalho é esse? Quem ganha com isso? Certamente, não são as pessoas que trabalham”, observou.

Defesa da democracia

Perguntado sobre a insistência de Jair Bolsonaro em insistir na defesa do voto impresso mesmo após o assunto ter sido definitivamente encerrado pela Câmara dos Deputados, Lula disse não ter dúvidas de que as eleições ocorrerão e Bolsonaro sairá derrotado. “Já tenho experiência demais com bravata. Ele vai perder as eleições, vai acatar o resultado e o mais grave que pode acontecer é quem ganhar não querer receber a faixa dele, mas queira receber a faixa do povo brasileiro”, disse.

Essa certeza, porém, não elimina a necessidade de que todo o país rejeite manifestações de viés autoritário e golpista, ressaltou. “Chegou a uma situação em que o Bolsonaro, essa semana, só participou de coisa militar. É o começo da existência de um ditador: ele começar a se esconder do povo e ficar escondido atrás de uma metralhadora, atrás de um canhão, atrás de um soldado. É o começo de algo ruim quando a gente percebe que o presidente tem coragem de visitar um quartel, mas não tem coragem de visitar um hospital, a família de uma pessoa que foi vítima da Covid.”

Por fim, Lula defendeu que o país pare de negar a política, única forma de assegurar a democracia. “Eu já disse muitas vezes: quando a gente nega a política, o que vem depois é sempre pior. Foi assim que nasceu Hitler, Mussolini e todas as ditaduras e governos autoritários no mundo. (…) As instituições têm de ser fortes porque elas podem garantir a democracia neste país. A democracia está precisando urgentemente que as pessoas se manifestem. O Brasil não pode aceitar, por sua história e pela qualidade de seu povo, que um bravateiro, que não tem nenhuma formação política, não tem humanismo, generosidade, amor, não tem coragem em falar em distribuição de livro didático, mas fala em distribuição de armas, continue presidente”, declarou.

Da Agência PT de Notícias

 

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