Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelam que o número de famílias endividadas no País alcançou o recorde histórico em abril. O percentual de brasileiros endividados, segundo o levantamento, chegou a 67,5% no mês, altas de 0,2 ponto percentual em relação a março de 2021 (a quinta seguida) e de 0,9 ponto percentual em relação a abril de 2020.
Conforme o líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), os responsáveis pelo endividamento do povo “são o golpista Temer e o genocida Bolsonaro”. O líder petista destaca que os dois presidentes acabaram com o ganho real do salário mínimo dos governos do PT. E acrescenta: “Depois, aprovaram a terceirização, destruíram a CLT e tornaram impossíveis as aposentadorias. Fizeram isso prometendo gerar milhões de empregos, mas mentiram. O Brasil deles é recordista de desemprego, trouxe a fome de volta e tem mais gente sem conseguir pagar as contas”, enfatizou o parlamentar.
Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) esse quadro caótico está ligado à política econômica do governo Bolsonaro que tem como mentor, o ministro da economia, Paulo Guedes. Segundo Zarattini tal política “gera recessão e empobrecimento porque privilegia o capital financeiro”.
O parlamentar disse que o Partido dos Trabalhadores defende políticas de geração de emprego e renda com o retorno do programa Minha Casa, Minha Vida, investimentos na indústria nacional e crédito para a pequena e média empresa. Segundo o deputado, o trabalhador hoje está com pouca ou até sem renda e muitas dívidas.
“A saída é refinanciar os débitos, zerar juros de multas, assim como existe para empresas, e gerar emprego, assim vamos reaquecer a economia”, sugeriu Zarattini.
Propostas
A Bancada do PT na Câmara aponta algumas medidas que poderiam ser adotadas para reverter a situação calamitosa provocada pela ausência de políticas concretas que visem a melhoria das condições de vida da maioria do trabalhador brasileiro.
Entre elas, estão a retomada da política de valorização do salário mínimo, Mais Bolsa Família, Empregos já (criação emergencial de postos de trabalho para atuar em áreas de interesse público); garantia de trabalho e renda em parte da jornada enquanto o trabalhador procura emprego e se capacita; retomada dos investimentos públicos, para melhorar a qualidade dos serviços e gerar milhões de empregos.
A bancada ainda propõe a recomposição da capacidade das empresas estatais, para que possam voltar a contribuir no esforço de investimento; suprimir os dispositivos da Reforma Trabalhista que fragilizaram sobremaneira a situação do trabalhador e estender a proteção àqueles que hoje trabalham de forma totalmente vulnerável, como aqueles vinculados a aplicativos; fazer os bancos públicos trabalharem para o público, concedendo e renegociando os créditos para quem precisa; criar uma política de renegociação de dívidas para pessoas e para empresas, para permitir-lhes voltar a consumir e investir.
FGV
Levantamento mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), também aponta que 22,3% da população com renda de até R$ 2.100 se encontram endividadas em abril. Desde o início da série histórica, em maio de 2009, esse patamar de endividamento da classe mais baixa só foi observado em junho de 2016.
Políticas desastrosas
O diretor adjunto do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre, também atribui esses números de endividamento da população às políticas desastrosas do governo Bolsonaro.
Ele destaca que o desemprego, valor irrisório do auxílio emergencial, alta nos preços dos alimentos e pandemia fora de controle contribuem ainda mais para o endividamento dos mais pobres.
“Isso deve ser atribuído a esse governo (Bolsonaro), principalmente porque houve a redução do valor do auxílio emergencial. Nós ficamos praticamente sem o auxílio no primeiro quadrimestre de 2021, porque o auxílio só veio em abril, no valor de R$ 250”, criticou.
Segundo Silvestre, outro agravante é a inflação, que afeta principalmente as famílias de baixa renda por meio dos preços dos alimentos. “É uma combinação de fatores que remetem ao aumento da inadimplência das famílias”, afirma.
Benildes Rodrigues com informações da CNC e RBA