A nova onda do coronavírus, associada à nova variante do vírus – que levou o sistema de saúde de Manaus ao caos, com falta de oxigênios, UTIs e enfermarias lotados -, acende mais um alerta do que poderá ocorrer no País nos próximos meses, caso o governo continue a ignorar o poder da doença. O Brasil já ultrapassou a marca de 9 milhões de casos e registra mais de 220 mil mortes provocadas pela pandemia da Covid-19.
Para os deputados Alexandre Padilha (PT-SP) e Jorge Solla (PT-BA), as vidas perdidas e as contaminações são consequências do descaso e do negacionismo do governo Bolsonaro, desde que a doença foi detectada no País. “Muitos acordaram tarde. Infelizmente a pandemia não acabou”, lamentou o deputado e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.
Jorge Solla, que também é médico, alertou que esse número alarmante de mais de 220 mil mortes pelo coronavírus deve crescer muito até a sua estagnação. Ele citou o isolamento social como única maneira de “frear a curva de transmissão”. Para o deputado, o impeachment de Bolsonaro também é fundamental para dar fim aos seus graves erros na condução da pandemia e do País. “Iniciar o processo de impeachment de Bolsonaro também é uma decisão fundamental nessa guerra contra o coronavírus”, reforçou.
Gabinete de Crise
Médico infectologista, Alexandre Padilha defende um Plano de Imunização Nacional para toda a população. Ele acredita que é necessário a união entre os entes federados e as instituições para dar um rumo à crise sanitária que atinge fortemente o País e para acabar com a desorganização do governo na condução da campanha de vacinação.
“É urgente que um gabinete de crise seja instalado unindo Congresso, governos estaduais e municipais e judiciário, porque Bolsonaro não tem a menor condição de liderar esta situação”, defendeu.
Corte na saúde
A intenção do governo em reduzir o orçamento na área de saúde, também foi criticada pelo deputado Padilha. “Não podemos permitir a retirada de R$ 35 bilhões do Ministério da Saúde como quer Bolsonaro”, afirmou, se referindo à rubrica contida no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), enviado ao Congresso Nacional pelo governo Bolsonaro. Com isso, Bolsonaro retoma as regras da Emenda Constitucional (EC-95/16), que estabelece teto de gastos.
Mau-exemplo
Segundo o deputado Jorge Solla, uma parcela significativa da população desobedece às orientações de distanciamento e uso de máscaras, promovem festas e aglomerações, motivados pelo discurso negacionista do presidente.
“Precisamos passar a mensagem de que o que Bolsonaro faz é crime e demonstrar que mesmo o presidente, quando comete crime, é punido. Para evitar sua queda, o próprio presidente iria mudar de postura”, defendeu Solla. Na sua avaliação, a ameaça do impeachment já tem forçado o governo Bolsonaro a tomar atitudes opostas ao que defendia antes. “Estão agora negando a cloroquina e defendendo vacina. O início do impeachment fará muito mais”, acredita o deputado.
Benildes Rodrigues