Agravamento da crise sanitária no Brasil é fruto da ignorância aliada à incompetência, acusam deputados petistas

Os deputados petistas Henrique Fontana (RS), Jorge Solla (BA) e Alexandre Padilha (SP) acusam o presidente Jair Bolsonaro e o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, de serem os maiores responsáveis pelo agravamento da crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19 no Brasil. Segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa, a partir de dados coletados junto às secretarias estaduais de Saúde, até as 13h desta quinta-feira (16), o vírus havia causado mais de 75 mil mortes (75.697) e infectado quase 2 milhões de brasileiros (1.978.236). De acordo com os parlamentares, o Brasil chega a essa situação por conta da ignorância do presidente aliada à incompetência dos atuais gestores do ministério da Saúde.

Foto: Lula Marques

Foto: Arquivo-PT na Câmara

 

 

 

 

 

 

 

Foto: Lula Marques

O deputado Henrique Fontana – que também é médico e ex-secretário municipal da Saúde de Porto Alegre (RS) – afirma que Bolsonaro é o principal responsável por transformar o Brasil em “um dos piores países que manejam o combate ao coronavírus no mundo”.

“A maior responsabilidade por essa tragédia sanitária, que se estende também para a economia, é do presidente Bolsonaro. Primeiro ele ignorou e minimizou a gravidade do vírus, depois trabalhou o tempo todo contra as medidas mais eficazes de combate à Covid reconhecidas em todo o mundo, como o isolamento social e o uso de máscaras. E agora, com a confirmação da tragédia, ele politiza e trata como uma questão ideológica o uso de um medicamento vendido por ele como solução para todos os problemas da pandemia, quando na verdade ele deveria se guiar pela ciência”, acusa. A cloroquina, medicamento defendido por Bolsonaro como tratamento para a Covid-19, não é reconhecido por nenhum estudo científico relevante.

Ainda de acordo com Fontana, o comportamento de Bolsonaro até aqui prova que apenas com a saída dele do poder o País poderia ter uma nova chance de passar pela pandemia reduzindo danos. “Infelizmente, enquanto Bolsonaro estiver no poder vamos continuar pagando um preço muito alto por conta do coronavírus, tanto na questão sanitária, com contaminados e perdas de vidas, como nas consequências para a economia, devido à extensão da pandemia. Felizmente a maioria da população já percebeu que a solução é afastar o Bolsonaro. Cabe a todos nós construirmos essa alternativa para o País”, ressalta.

Militarização da Saúde

Além da responsabilidade de Bolsonaro na crise, os deputados Jorge Solla e Alexandre Padilha também criticam a incompetência e o desconhecimento dos militares que comandam o ministério da Saúde, especialmente o general Eduardo Pazuello, ministro interino da pasta. Quando assumiu o Ministério da Saúde em substituição ao ex-ministro Nelson Teich, em 16 de maio, Pazuello encontrou o País com 15.633 mortes e 233.142 infectados pela Covid-19. Agora, dois meses depois (16 de julho), o Brasil tem mais de 75 mil mortos e quase 2 milhões de infectados.

Segundo Jorge Solla, os números desfavoráveis explicam a reação dos militares ao alerta feito dias atrás pelo ministro do STF Gilmar Mendes, ao afirmar que o Exército “estava se associando ao genocídio”, referindo-se à ocupação de postos no Ministério da Saúde que deveriam ser ocupados por técnicos da área. Segundo informações divulgadas por vários veículos da imprensa, 25 militares ocupam cargos chaves no Ministério da Saúde.

“A reação dos militares ao alerta do ministro Gilmar Mendes é sintomática do quanto ele tocou numa ferida exposta. É flagrante e terá repercussão nos tribunais penais internacionais o genocídio em curso na saúde pública de nosso País, justamente a estrutura técnica do ministério é desmontada e substituída por militares que nada entendem de saúde. São oficiais da ativa em cargos estratégicos do Ministério da Saúde, que sempre foram ocupados por especialistas da área”, denunciou Solla.

De acordo com o parlamentar, o resultado dessa inexperiência e falta de competência para tocar o setor resulta em “uma baixíssima execução do Orçamento destinado ao combate à pandemia, abaixo dos 25%, que tem como consequência um verdadeiro genocídio do povo brasileiro”.

“Faltam leitos de UTI, faltam testes, faltam EPIs, falta até medicamento para intubar pacientes. E quem morre mais são os negros e de periferia, não por predisposições genéticas. É uma população excluída economicamente, que depende exclusivamente do SUS, e não recebe o tratamento adequado, por omissão criminosa do governo. A chance de você morrer de coronavírus no Brasil é 62% maior se você for negro. É genocídio e precisa ser estancado imediatamente”, ressalta Jorge Solla.

Na mesma linha, o deputado e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha também criticou a condução do ministério da Saúde pelos militares. Segundo ele, as ações desenvolvidas nesse dois meses de ocupação militar da pasta só atrapalharam o combate ao coronavírus.

“Os 60 dias de ocupação militar no ministério da Saúde será um mancha que nunca será retirada das Forças Armadas brasileiras. No meio da maior pandemia da nossa história, os militares da ativa ocuparam o ministério para tentar suspender pesquisas que estavam sendo realizadas de avaliação da Covid, paralisar a liberação de recursos para que Estados e municípios ampliem seus leitos, orientar o uso de medicamento sem eficácia, cobrando da principal fundação de pesquisa do ministério, a Fiocruz, que ela mudasse suas opiniões baseadas em evidências cientificas para indicar a cloroquina e que ficasse quieta diante dos descalabros do governo”, acusou Padilha.

Héber Carvalho

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