O teste positivo do presidente Jair Bolsonaro para Covid-19 foi um dos principais assuntos dos debates desta terça-feira (7), na sessão remota da Câmara. O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) desejou recuperação ao presidente Bolsonaro, “porque somos contrários a qualquer política do ódio”. Ele observou, no entanto, que é triste que, mesmo num momento em que ele testa positivo, não abra mão da sua postura negacionista. “Ao sair falando de cloroquina, ele continua negando a ciência. Em lugar nenhum do mundo esse debate sobre cloroquina está colocado. Ele, na condição de presidente da República, tem que agir com mais responsabilidade. Mas, continua – mesmo testando positivo – agindo de maneira irresponsável no enfrentamento da pandemia”, lamentou.
Reginaldo relembrou que foi porque Bolsonaro errou em todas as etapas de combate ao Covid-19, que o vírus chegou ao País. “Sob a sua condução, o Ministério da Saúde errou em todas as etapas, está errando agora, inclusive, na garantia dos medicamentos para os hospitais que estão fazendo o enfrentamento ao coronavírus. Erra na política econômica, porque ideologicamente ele é contra o isolamento social e aposta no caos. Então, é lamentável o que nós estamos assistindo nesse momento no País”, criticou.
“Um presidente que nega a ciência, mas, no primeiro momento em que tem qualquer patologia que indique ser coronavírus, é atendido com rapidez. Espero que esse tratamento seja equânime para o povo brasileiro”, defendeu o deputado Paulão (PT-AL). O parlamentar ainda manifestou solidariedade ao presidente. “Que ele possa se restabelecer e, com isso, faça uma reflexão, como fez o primeiro-ministro da Inglaterra, que não acreditava, e a partir de agora acredite na ciência e faça a defesa da vida”.
“Bolsonaro não vai mudar”
O deputado Rogério Correia (PT-MG) também desejou pronto restabelecimento ao presidente. “Mas não tenho nenhuma esperança de que Bolsonaro vai aprender alguma coisa com a cloroquina e a doença que ele tem, infelizmente”, observou. Para o deputado, Bolsonaro é uma pessoa “sem coração, desumano, que disse sobre a presidenta Dilma que esperava que ela acabasse seu mandato morrendo ou de câncer ou de infarto. Uma pessoa que, da tribuna desta Casa, enalteceu e defendeu a tortura, a milícia e, ao mesmo tempo, prestou honras ao torturador da presidenta Dilma, realmente eu não tenho expectativa de que ele vai melhorar a partir dessa doença, infelizmente, porque é uma pessoa, como eu disse, sem coração”, reforçou.
Rogério Correia enfatizou ainda que Bolsonaro não deu uma palavra de solidariedade ao povo brasileiro neste momento de pandemia. “Já foi lembrado aqui que ele disse que era uma gripezinha, que ele não era coveiro. Disse também: ‘E daí, todo mundo morre um dia’. Deu exemplo para que as pessoas não usassem máscara e fossem andar de metrô, de ônibus, para contaminar outros e a si mesmo. Portanto, essa característica do governo Bolsonaro e do próprio presidente, é uma característica que, infelizmente, não irá mudar”, lamentou.
Para o deputado, estamos vivendo no Brasil um genocídio. Ele citou que estamos nos aproximando de 70 mil mortes, 2 milhões de pessoas infectadas. “É o segundo País pior do mundo. E ele é o pior presidente do mundo a tratar essa pandemia. E não é verdade que ele trata bem a economia, basta vermos os números. Nós chegamos agora ao absurdo de 44% das pessoas sem mão de obra, ou desempregado desalentado que já não procura emprego. E as medidas são poucas ou quase nenhuma. As que existem foram as aprovadas pelo Congresso Nacional, incluindo os R$ 600”, reforçou.
Na avaliação do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), a rigor, Bolsonaro demorou para se contaminar, considerando-se as suas atitudes, “na minha opinião, completamente incompatíveis, até mesmo irresponsáveis de se expor e expor outras pessoas”.
E a deputada Erika Kokay (PT-DF) indagou: “Quantas pessoas Bolsonaro infectou?”. Ela enfatizou que Bolsonaro não usava máscara, entrava e participava de todas as aglomerações. “Quantas pessoas foram infectadas pela irresponsabilidade, pelo negacionismo e pela incompetência de Jair Bolsonaro? Quantas pessoas foram infectadas e não vão ter a estrutura de saúde que ele terá? Quantas foram infectadas e não vão poder fazer o isolamento que ele fará? Quantas foram infectadas por Bolsonaro, que nega a dor do povo brasileiro, que não tem empatia para com o povo brasileiro e que faz uma polêmica falsa, a dicotomia entre saúde e economia?”, perguntou indignada.
O deputado José Airton Cirilo (PT-CE) também destacou o número de óbitos no Brasil em decorrência da Covid-19. “São mais de 65 mil óbitos no País, uma tragédia sem precedentes na história do Brasil. Nós estamos vivendo uma tragédia, e parece que as pessoas não estão entendendo nem se sensibilizando, a começar pelo presidente da República, que agora é vitimado pelo coronavírus. Portanto, eu espero que isso sirva de alerta para que possa se solidarizar com a dor das famílias brasileiras que vêm sofrendo com a tragédia do coronavírus”, desejou.
Vânia Rodrigues