Em discurso na Câmara, o deputado Valmir Assunção (PT-BA) repudiou a violência policial contra as manifestações da juventude brasileira e conclamou para que os manifestantes lutem pelas mudanças estruturais necessárias ao País.
“Como deputado que representa um segmento social do País, os trabalhadores e, principalmente os trabalhadores rurais, estou feliz em encontrar essa juventude na rua! Que continuemos nas ruas e lutemos pelas mudanças estruturais necessárias, como a reforma política, a democratização da comunicação, a reforma agrária, demarcação das terras indígenas e quilombolas e mobilidade urbana”, disse Valmir.
No entanto, Valmir alertou para o oportunismo dos setores conservadores. “A grande mídia burguesa, que ajudou a legitimar a violência policial com o seu discurso reacionário, tenta se desvencilhar e interferir nos protestos, com as pautas conservadoras. O que se vê nas ruas é um recado, justamente, contra a truculência e por direitos sociais que ainda precisam avançar, ainda que já tenhamos tido alguns avanços nos últimos 10 anos”, afirmou.
Para o deputado baiano, os protestos são livre manifestação dos trabalhadores e estudantes, uma ferramenta do estado democrático de direito. “Tratá-los sem essa visão, é violência contra a própria democracia. E isso a sociedade não pode aceitar”, completou.
Leia o discurso completo:
Em quase todas as capitais e nas grandes cidades do país, jovens trabalhadores e estudantes estão protestando contra o aumento na tarifa do transporte público, por melhoria na estrutura das obras de mobilidade urbana e, mais recentemente, contra a violência policial, que tem sido mais evidente na forma como os governos têm reagido à livre manifestação dessa parcela significativa da sociedade.
Esse processo deve ser celebrado. Eu não sei por que determinados segmentos estão assustados. Ora, as pessoas tem o direito de se manifestar! Isso é democracia! Susto seria se não houvesse mobilização! Agora, a truculência da polícia, como houve na semana passada em São Paulo, isso não podemos aceitar em um regime democrático.
Ontem, pelo menos 10 capitais brasileiras tiveram mobilizações. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Minas Gerais o número de pessoas passaram os 200 mil, sendo as maiores na capital paulista e Rio de Janeiro. É preciso repudiar o tratamento da polícia em todos os estados, que mostrou que a memória das repressões estão muito vivas!
Quem governa o Brasil, hoje, foi às ruas na década de 1960, lutou contra a Ditadura Civil-Militar. Lutamos, justamente, para que esses tipos de manifestações e mobilizações pudessem virar realidade. Esse ano, inclusive, completou-se 10 anos da ‘revolta do Buzu’ em Salvador. Justamente nesta pauta, relacionada ao transporte público.
Por isso mesmo não se pode tratar os manifestantes apenas de forma reativa, utilizando-se do aparato policial – bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e cassetetes, entre outras coisas – para reprimi-los, como se eles não estivessem protestando de forma legitima, em um estado de direito, por aquilo que tem sido prejudicial à sociedade, que é um transporte público deficiente e ainda por cima oneroso aos usuários.
Por isso é que apelamos para que em vez das reações violentas através do uso da força policial, busque-se o diálogo, busque-se ouvir as razões a que levaram aos protestos nas ruas, e busque-se uma solução para os problemas, que estão a olhos vistos em todas as grandes cidades desse país, que é a qualidade do sistema de transporte público.
Os protestos são legítimos e a livre manifestação dos trabalhadores e estudantes, uma ferramenta do estado democrático de direito. Tratá-los sem essa visão, é violência contra a própria democracia. E isso a sociedade não pode aceitar.
Neste dia 17 de junho, uma geração inteira, que nunca tinha visto grandes mobilizações de rua, compreendeu a força do povo diante da busca de direitos. No entanto, este Brasil nunca esteve dormindo. Pelo contrário, os sindicatos, Sem Terras, estudantes, enfim, sempre estiveram nas ruas, em busca da transformação social neste País. Temos que construir com esse caldo organizativo é a soma das reivindicações estruturantes. A luta está mais forte!
Mas também não podemos aceitar e nem permitir que os setores mais conservadores capitalizem sobre os protestos do povo brasileiro. A grande mídia burguesa, que ajudou a legitimar a violência policial com o seu discurso reacionário, tenta se desvencilhar e interferir nos protestos, com as pautas conservadoras. Já é tarde, pois os manifestantes já entenderam de que lado a grande mídia está.
O que se vê nas ruas é um recado, justamente, contra a truculência e por direitos sociais que ainda precisam avançar, ainda que já tenhamos tido alguns avanços nos últimos 10 anos. O povo precisa e reivindica mais, por que quer um país justo e soberano. E o que a esquerda brasileira deve fazer? Concordo com Emir Sader: “Disputar o sentido e a direção do movimento, para que ele não seja utilizado pela direita, o que redundaria em retrocessos para a democracia”.
Como deputado que representa um segmento social do País, os trabalhadores e, principalmente os trabalhadores rurais, estou feliz em encontrar essa juventude na rua!
Que continuemos nas ruas e lutemos pelas mudanças estruturais necessárias, como a reforma política, a democratização da comunicação, a reforma agrária, demarcação das terras indígenas e quilombolas e mobilidade urbana. Como bem disse a presidenta Dilma, o Brasil, hoje, acordou mais forte.
Assessoria Parlamentar