No momento em que Brasil registra 30 mil mortes pela Covid-19 e mais de cinco milhões de desempregados, a dupla Bolsonaro-Guedes, defende a redução do auxílio emergencial de R$ 600 – aprovado pelo Congresso Nacional – para parcos R$ 200.
Esse quadro, avalia o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PT-PR), revela ausência de politica econômica e sanitária, e desnuda a politica genocida do governo de Jair Bolsonaro. “A política econômica de Bolsonaro e Paulo Guedes já está provada que é uma política genocida”.
Esse cenário, continua o líder petista, não permite a redução da renda emergencial, mas sim, estender esse auxílio para um período maior que o já aprovado pelo Congresso Nacional. Verri assegurou que a nova batalha da bancada petista é trabalhar pra que essa ajuda emergencial não seja reduzida, mas que ela perdure enquanto a pandemia não der sinal de recuo.
“Baixar para R$ 200 é piorar um quadro que está horrível. Por isso, o Partido dos Trabalhadores é contra essa redução. A bancada vai trabalhar firmemente pela manutenção desses R$ 600, não mais por dois ou três meses, mas, no mínimo, até o final do ano. Só, a partir daí, em diminuída a crise sanitária, possamos rever uma política econômica mais justa e que garanta a distribuição de renda adequada para a população brasileira”, assegurou Enio Verri.
O deputado se refere ao projeto de lei (PL 2283/20), que aumenta para um ano o período de concessão do auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais. A preocupação da Bancada do PT, segundo Verri, se dá porque o quadro pandêmico que assola o País – pela total ausência de planejamento sanitário do governo Jair Bolsonaro -, não tem previsão de acabar.
“A pandemia não acabou, pelo contrário, graças à política sanitária de Bolsonaro, ela tende a permanecer e até aumentar. Até agora já morreram trinta mil pessoas, fala-se em até 150 mil óbitos durante essa pandemia”, criticou.
Crise econômica
Na opinião do líder da Bancada do PT, que também é economista, a crise econômica pelo qual passa o País, não é fruto da pandemia de coronavírus que surpreendeu o mundo. Verri relatou que no primeiro ano, quando não se sentia os efeitos da pandemia, o crescimento registrado da economia brasileira foi de apenas 1,1% do PIB, em que 40 milhões de pessoas estavam na informalidade, as micro e pequenas empresas quebrando e a agricultura familiar passando por dificuldades.
“Com o advento da pandemia, o quadro piorou ainda mais porque a política econômica de Bolsonaro e Guedes continuaram exatamente iguais: fiscalistas, preocupados apenas com o equilíbrio das contas, esquecendo que atrás de cada número tem uma vida, tem um ser humano”, lamentou o deputado.
O deputado Afonso Florence (PT-BA) lembrou da luta árdua para se chegar ao valor de R$ 600, uma vez que a proposta defendida por Bolsonaro e Guedes era de apenas R$ 200. O parlamentar também reclamou da tentativa de Bolsonaro de capitalizar politicamente em cima do valor aprovado pelo Congresso Nacional.
“Aprovamos os R$ 600 apesar de muitos obstáculos por parte do governo. No PL 873/20 explicitamos a obrigação de pagar a renda mínima emergencial a um conjunto de categorias, o presidente da República vetou essas categorias”, criticou o deputado, se referindo ao veto presidencial à ampliação de categorias profissionais que seriam beneficiadas pela medida.
Em relação à proposta do governo em reduzir esse montante, Florence disse que o Brasil acompanha o desenrolar de duas propostas. “Temos de um lado o governo querendo reduzir para R$ 200 o valor da renda emergencial. E de outro, o PT querendo perenizar a renda. E a nossa posição é que o valor deve ser de um salário mínimo”, defendeu.
De acordo com Florence, a proposta do PT atende a necessidade da maioria da população brasileira, do setor informal. Para ele, existe recurso e o valor estipulado não acarretará em impacto fiscal. “Isso é cuidar da vida das pessoas e o Congresso precisa garantir essa medida derrotando essa proposta de Guedes-Bolsonaro de R$ 200 e perenizando a renda emergencial no valor de R$ 1.045”, disse o deputado.
Renda básica da cidadania
Em vídeo exibido nas redes sociais, o líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que recorrentemente as pessoas o questionam sobre o que vai acontecer com o auxílio emergencial. “Nós do PT estamos batalhando para que o auxílio emergencial permaneça por 12 meses. E mais do que isso, nós queremos implantar a renda básica da cidadania que é um projeto do Suplicy há várias décadas”, referenciou o deputado à proposta do então senador, e atual vereador por São Paulo, Eduardo Suplicy.
Fracasso
Zarattini também é da opinião que a economia do País foi para o “buraco”. Essa realidade, segundo ele, é sentida pelo governo Bolsonaro. O deputado relatou que no primeiro trimestre – que compreende os meses de janeiro a março – o PIB, segundo dados do IBGE, caiu 1,5%. “Olha que a quarentena começou no dia 21 de março, ou seja, na verdade a economia já vinha caindo porque a política econômica do Paulo Guedes é um fracasso”, sentenciou.
Para rebater o argumento do governo de que está “gastando muito” com a pandemia, Zarattini lembrou que o Congresso Nacional aprovou recentemente o “orçamento de guerra”, justamente para atender este momento catastrófico.
“Nós aprovamos no Congresso, o orçamento de guerra justamente para separar as contas dos gastos durante a pandemia, dos gastos normais do governo e demos liberdade ao governo de se endividar para garantir o atendimento de todos que mais precisam”, relatou.
Para Zarattini, se o governo realmente quer resolver o problema da economia, vai ter de gastar. “Chegou a hora de gastar, mas gastar com quem precisa, com os mais humildes, porque se essas pessoas tendo o dinheiro no bolso, elas vão consumir, e consumindo, a economia volta a se movimentar e a gente volta a ter emprego”, argumentou.
Veja o vídeo de Carlos Zarattini:
O que vai acontecer com o Auxílio Emergencial de R$600? Vai continuar? pic.twitter.com/A0UEmYYip8
— Carlos Zarattini (@CarlosZarattini) June 2, 2020
Benildes Rodrigues