Após meses de intensa divulgação em horário nobre de emissoras de rádio e TV – em inserções pagas cujo custo total é estimado em milhões de reais – e nas redes sociais da Internet, a Marcha da Cidadania pela Vida, organizada pelo pastor Silas Malafaia, nesta quarta-feira (5), contou com um público bem menor do que o esperado.
O próprio Malafaia anunciou aos meios de comunicação que aguardava cerca de 100 mil participantes. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, o evento – que teve show de artistas famosos da música gospel – reuniu aproximadamente 40 mil pessoas para atacar o casamento gay e as propostas de descriminalização do aborto.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), além de ressaltar o público inferior ao que os organizadores esperavam, criticou as bandeiras do movimento liderado pro Malafaia.
“Pelo que vimos, o público que participou do evento não correspondeu ao que foi anunciado e ao que eles investiram em propaganda. O pastor Malafaia está tentando construir um movimento de massas com uma lógica fascista, que visa retirar direitos, perseguir pessoas e naturalizar a hierarquização dos seres humanos. É um ovo de serpente, porque representa um projeto de poder que pressupõe a derrubada da laicidade do Estado”, afirmou a parlamentar.
O nome escolhido para o evento também foi questionado pela deputada. “Seria cômico, se não fosse trágico, o fato de esse movimento se autodenominar ‘Marcha da Cidadania’ e em defesa da família. A família não pode ser um lugar de sofrimento, de disseminação do preconceito e do ódio. O conjunto da sociedade brasileira quer a verdadeira cidadania, que não exclua direitos de quem quer que seja”, disse Erika.
Rogério Tomaz Jr.