Em discurso duro feito na tribuna da Câmara na sexta-feira (3), o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) chamou a atenção do povo brasileiro para o buraco que o presidente Jair Bolsonaro está jogando o País. Preocupado e indignado, o ex-líder do PT na Câmara foi categórico: “a credibilidade do Presidente está derretendo no País”.
“Enquanto ele estava dizendo bobagens, atrocidades, imbecilidades – mas isso não afetava a vida das pessoas -, mesmo aqueles que votaram nele olhavam com certa desconfiança, mas achavam que era um mal necessário. Mas, hoje, as pessoas se deram conta de que, na realidade, o que está em jogo é a vida delas, é a vida das pessoas que elas querem bem, é a vida das pessoas que elas amam”, observou Pimenta.
Como exemplo de que o Brasil perdeu credibilidade nacional e internacional, o parlamentar destacou a crise diplomática com a China, provocada pelo filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Segundo Pimenta, ao atacar a China com fake news, Eduardo Bolsonaro quis apenas “mostrar para o Trump que eles são bem ensinados e sabem fazer o serviço sujo para os americanos”.
“Qual foi o resultado dessa ação desastrosa? Qual foi o resultado dessa ação imbecil? O Trump comprou os equipamentos, a China priorizou o negócio com os Estados Unidos, e, do ponto de vista objetivo, o palerma conseguiu que os equipamentos que poderiam estar no Nordeste, que poderiam estar no Brasil, fossem parar nos Estados Unidos”, criticou Pimenta ao se referir à compra em massa dos EUA à China, que provocou o cancelamento de contratos de importação de equipamentos médicos que seriam destinados ao Brasil. Equipamentos importantes no combate à pandemia de coronavírus que vem se alastrando no País.
Contramão da história
Pimenta avaliou que o governo brasileiro age na contramão dos grandes lideres mundiais, inclusive do presidente dos EUA para quem Bolsonaro e família batem continência. De acordo com Paulo Pimenta, independente de orientações politicas, os governantes do Reino Unido, Alemanha, França, Estados Unidos têm visão clara diante desta pandemia, de que cabe ao Estado o papel insubstituível de garantir as condições de saúde para o seu povo, mas também as condições de sobrevivência das pessoas e a manutenção dos empregos.
“Ocorre que no mundo inteiro existe uma única voz que caminha em direção contrária. Não há nenhum outro líder político do mundo que venha a público e diga, como disse Jair Bolsonaro: ‘Isso é uma gripezinha. Isso é um resfriadinho. Brasileiro é diferente. Brasileiro cai no esgoto e sai caminhando. Isso é uma histeria’”.
“Talvez na história deste País não exista outro fato tão grave, não exista tanta responsabilidade em cada palavra de um presidente da República como há nas palavras de Jair Bolsonaro. Ele é um irresponsável! Bolsonaro é um genocida!”, denunciou Pimenta.
Política perversa
Pimenta disse que mesmo nessa hora tão difícil provocada pela crise econômica e sanitária, a prioridade de Bolsonaro não é o País. A prioridade bolsonarista neste momento, explicou Pimenta, é fazer disputa política e buscar, de alguma forma, aprovar medidas que prejudiquem o trabalhador brasileiro e privilegiem ainda mais a classe mais abastada do País.
“Nós temos um presidente que transforma a epidemia numa ferramenta de disputa política perversa, de perseguição aos seus adversários, de perseguição aos governadores, de perseguição aos prefeitos e a qualquer pessoa que de alguma forma ele imagine que pense diferente daquilo que ele representa”, lamentou.
O petista desafiou o governo a apresentar propostas que vão ao encontro das necessidades do País e seu povo. “Por que não parte do governo uma proposta para aumentar os impostos sobre os lucros e dividendos dos bancos e dos milionários deste País? Porque eles são reféns da lógica dessas pessoas que financiaram e financiam a política a que eles representam”, questionou.
“Por que razão, não parte deste governo covarde qualquer atitude ou qualquer postura que pudesse, de fato, criar condições fiscais e econômicas para que pudéssemos enfrentar a crise?”, desafiou Paulo Pimenta.
Veja o discurso na íntegra:
Benildes Rodrigues