Policiais militares do Distrito Federal apreenderam um ônibus com cerca de 50 mulheres do Movimento Sem Terra do Piauí e a advogada de Direitos Humanos na Bahia, Bárbara Luandy Freitas, que estava acompanhando a manifestação das mulheres para garantir a integridade física das participantes. O ônibus e a advogada foram levados para a Polícia Federal em Brasília. As mulheres haviam participado de uma manifestação pacífica no Ministério da Agricultura na manhã desta segunda-feira (9).
De acordo com a sem-terra Ildener Pereira, quando os outros ônibus já haviam saído, a PM cercou o veículo, apreendeu a documentação do motorista e mandou que ele seguisse a Polícia. “Quando ficamos só nós, a Polícia cercou o ônibus, tomou o documento dele, botou uma frota de viatura na frente e outra atrás e conduziu a gente pra cá [Polícia Federal]. Até então a gente não sabia para onde eles estavam nos levando porque eles não disseram”.
Além de diversos advogados, os deputados da Bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) e Marcon (RS), estiveram na Superintendência da Polícia Federal acompanhando os desdobramentos. Os parlamentares também participaram da manifestação das mulheres no ministério.
Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) a PM praticou uma ação truculenta, violenta e que reflete o momento que o País está vivendo. “Ocorreu esta situação: uma advogada detida, o que é totalmente arbitrário e ilegal, e um ônibus, com mais de 50 pessoas do Piauí, que também está detido sem maiores explicações da Polícia Federal. É claramente uma ação de intimidação contra quem apoia os movimentos e contra quem luta”.
“A mobilização foi pacífica e é um Congresso do Movimento Sem Terra. Essa é a Polícia Federal do Bolsonaro”, lamentou o deputado Marcon.
Por volta das 12h15 o ônibus foi liberado sem que a Polícia desse qualquer explicação. A advogada foi liberada após prestar depoimento à PF.
Advogada
Segundo a advogada dos Direitos Humanos da Bahia Bárbara Luandy Freitas, ela e outros advogados estavam no Ministério da Agricultura para acompanhar a manifestação e garantir que nada acontecesse com as mulheres. Bárbara deixou claro que foi uma marcha pacífica e sem danos ao patrimônio público. Os advogados acompanharam as participantes até os ônibus e aguardaram que eles saíssem. Nesse momento ela foi abordada pela PM. “A PM me disse que eu seria conduzida até a PF”.
A advogada disse que foi desrespeitada. “O policial me desrespeitou completamente e chegou a dizer que eu tinha dois minutos, ou eu arranjava um carro pra ir ou eu iria na viatura com eles, forçadamente. Eu estava exercendo meu trabalho como advogada dos Direitos Humanos, uma coisa que eles não estão nem permitindo mais, pegaram meus documentos e não me informaram nada”.
Na Superintendência da PF, Bárbara era acompanhada e observada, a todo momento, por policiais. Mais tarde foi liberada.
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Lorena Vale
Fotos: Lula Marques