A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas no Brasil realizou nesta terça-feira (7) audiência pública com a jornalista Joice Hasselmann sobre adoções ilegais no município de São João do Triunfo, no interior do Paraná. Durante o debate, Joice falou das dificuldades e intimidações que têm recebido por conta das reportagens realizadas sobre a adoção de sete crianças de uma mesma família, por um casal estrangeiro, em São João do Triunfo, em 2002.
“As intimidações acontecem, mas continuo investigando o caso”, disse a jornalista aos integrantes do colegiado. Segundo ela, Sandra – a filha mais velha adotada pelo casal estrangeiro – fugiu de casa, após ter sido abusada pelo pai adotivo. “ Ela nos informou que a mãe adotiva é alcóolatra, que as crianças são obrigadas a assistir filmes pornôs e que durante esses anos nunca houve uma visita da ONG Linear, que intermediou a adoção ilegal’, afirmou.
Joice Hasselmann informou ainda que a repercussão desse caso tem encorajado as pessoas a denunciarem casos semelhantes e intermediados pela ONG Linear, que cobra nove mil dólares por criança para adoção internacional. “Existem pelo menos 29 municípios paraenses na mesma situação de São João do Triunfo, cujo processo de adoção é terceirizado internacionalmente, sem qualquer fiscalização”, ressaltou a jornalista. Segundo ela, o Tribunal de Justiça do Paraná abriu sindicância e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também começou a investigar o caso.
Na opinião do deputado Luiz Couto (PT-PB), primeiro vice-presidente da CPI, o trabalho realizado pela jornalista tem contribuído muito com o colegiado, que recebeu um vasto material sobre o caso, além de documentos apreendidos na casa de Laudelino, apontado como intermediador da ONG Linear, na adoção ilegal de São João do Triunfo e de outras adoções. “Além do Paraná temos casos semelhantes em Monte Santo (BA) e em São Paulo que estão sendo investigados como tráfico de crianças”, destacou Couto. Isso demonstra, segundo o deputado, a atuação das quadrilhas organizadas que “usam a pobreza como elemento da retirada do pátrio poder e isso não podemos aceitar”, disse Couto.
Ivana Figueiredo.