Deputados da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta segunda-feira (9) para repudiar o atentado aos povos indígenas Guajajaras, no Maranhão, ocorrido no último sábado (7). O deputado João Daniel (PT-SE), coordenador do Núcleo Agrário da bancada petista, registrou nos anais da Casa, nota pública de repúdio à violência contra os povos indígenas que vem ocorrendo no País. “Vergonhosamente essa violência se repete no Maranhão. No último final de semana foram dois caciques: lideranças indígenas Firmino Silvino Praxedes Guajajara e Raimundo Guajajara, que se somam ao assassinato do líder Paulo Paulino Guajajara, ocorrido há 30 dias atrás, no Maranhão”, protestou.
João Daniel enfatizou que a responsabilidade dos povos indígenas é da União, do governo federal, e é de conhecimento público e internacional. “O governo Bolsonaro e o ministro Sérgio Moro (Justiça) são responsáveis diretos pela apuração, punição e responderão por nada terem feito até agora sobre os povos indígenas, a não ser encorajar a grilagem, os latifundiários, as mineradoras, os garimpos contra os povos indígenas, que têm o direito sagrado e legal à defesa da vida, de suas terras, à demarcação das terras que faltam”, afirmou.
O coordenador do Núcleo Agrário lembrou que o governo Bolsonaro queria acabar com a Funai. “Estão querendo acabar com todas as políticas indigenistas. O mundo inteiro, em especial, nesta semana, na COP 25, em Madri, debate a questão ambiental e os povos indígenas, como grandes guardiões, na defesa da natureza, da mãe terra, da vida. E o nosso País dá como exemplo o assassinato de mais duas lideranças”, lamentou.
João Daniel manifestou ainda a solidariedade da Bancada do PT à Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), à nação indígena Guajajara e às famílias das lideranças que foram assassinadas. “Nós cobraremos permanentemente punição, apuração dos assassinos, dos mandantes dos indígenas que foram assassinados”, assegurou.
Onda de ataques contra povos indígenas
O deputado Airton Faleiro (PT-PA) também lamentou a perseguição aos povos indígenas do País. “Houve o assassinato de mais dois índios Guajajaras no Maranhão, depois do assassinato do indígena Paulino. Houve, em Santarém, a invasão da residência da liderança indígena Alessandra, dos mundurukus. E houve ataques à base da Funai, no Vale do Jari, no Amazonas. Isso não pode ser visto como um caso isolado. Trata-se de uma onda de ataques e de violência que vem ocorrendo contra os povos indígenas e contra as suas lideranças”, denunciou.
Airton Faleiro alertou que a impunidade gera violência. “E, diante dessa passividade da Justiça brasileira ou do governo Bolsonaro em combater os atos de violência e do discurso oficial que encoraja esse capital predador e desumano de atacar os povos indígenas, nós precisamos reagir” defendeu. Ele anunciou que ainda nesta semana pretende ir, juntamente com a coordenadora da Frente Parlamentar Indígena, deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), ao Ministério da Justiça cobrar providências contra os ataques aos povos indígenas.
Também da tribuna, o deputado José Ricardo (PT-AM) denunciou e repudiou a violência contra os povos indígenas. “Nós estamos vendo se repetir o que está acontecendo em outras localidades do Brasil e, portanto, os povos indígenas sendo dizimados, numa ação que não se sabe com exatidão se o poder público, de alguma forma, está contribuindo. Mas, pela omissão do governo federal, com certeza está”, lamentou. O parlamentar enfatizou ainda que os direitos dos povos indígenas estão na Constituição, “mas são desrespeitados todos os dias”, denunciou.
José Ricardo disse que no Amazonas se repete a violência contra os povos indígenas. “Também tivemos o assassinato, lamentavelmente, do indígena Paulo Paulino… Aliás, o companheiro Humberto Peixoto Lemos, foi espancado por várias pessoas e chegou a morrer. Ele era uma liderança indígena importante, que trabalhava juntamente com a Cáritas Arquidiocesana, e fazia parte da Coordenação dos Povos Indígenas em Manaus e Entorno”, lamentou.
Ele disse ainda que está cobrando providências do governo federal, do Ministério da Justiça e da Polícia Federal. “Não dá para aceitar isso”, enfatizou.
Mais dois assassinatos
Ao protestar contra os assassinatos dos povos indígenas, o deputado Célio Moura (PT-TO) informou que além das duas lideranças Guajajaras assassinadas no último sábado, na tarde de hoje (9), mais dois indígenas foram assassinados em Barra do Corda (MA), às margens da BR-226, ao lado da reserva dos índios Guajajaras. “Eles foram atropelados às margens da BR. Este governo tem que tomar uma providência, tem que ter responsabilidade com relação aos indígenas, principalmente os Guajajaras do Maranhão. Já foram 13 lideranças indígenas assassinadas”, denunciou.
Vânia Rodrigues