A comissão externa do Derramamento do Óleo no Nordeste debateu nesta quinta-feira (21), os impactos ecológicos e socioeconômicos e a apuração de responsabilidades em relação ao desastre do derramamento de óleo nas praias do Nordeste.
“O objetivo dessa Comissão é cobrar a investigação, apuração e punição por este crime ambiental ocorrido. Vamos cobrar, realizar seminários e audiências nas regiões”, afirmou o deputado João Daniel (PT-SE), um dos requerentes da audiência.
As primeiras manchas de óleo surgiram no dia 30 de agosto na Paraíba. Desde então, a região Nordeste tem vivido o maior desastre ambiental, social e econômico do litoral brasileiro. O óleo derramado já atingiu nove estados do Nordeste e mais de cinco mil toneladas já foram recolhidas. As manchas de óleo são formadas por substâncias tóxicas, que contêm carbono e hidrogênio.
Além do Nordeste, as manchas de óleo já chegaram ao Espírito Santo, e de acordo com o Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também podem chegar ao Rio de Janeiro. Ainda de acordo com o Instituto, a hipótese é de que haja muito mais óleo em oceano aberto.
INPE
Paulo Nobre, pesquisador do INPE, destacou que especialistas na área de impacto socioambientais estão se reunindo para acolher e oferecer soluções mitigatórias que permitam amenizar o desastre já ocorrido. Paulo afirmou que ainda não é possível dizer quanto óleo está no mar, mas que estão trabalhando para responder essa questão. Participantes questionaram o que fazer para que desastres como esses não voltem a acontecer. Paulo respondeu que é preciso investir nos sistemas de resiliência para detectar e prever.
De acordo com João Daniel está sendo criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para ajudar nas investigações. A comissão externa estará à disposição integrando a CPI.
Sergipe
Gilvan Dias dos Santos, diretor-Presidente da ADEMA-SE, afirmou que todo o litoral de Sergipe foi afetado pelo derramamento de óleo. O estado de Sergipe já recolheu de suas praias até o dia 3 de novembro, 1.210 toneladas dessa substância. “Nós temos 20 praias atingidas em Sergipe. Dessas 20 praias, três estão impróprias para banho. A chegada dessa substância oleosa continua a cada dia, não sabemos se estamos em um crescente ou diminuição, o fato é que cada dia chegam mais substâncias novas no litoral sergipano”, relatou Gilvan. Além das praias, os mangues, estuários e rios também estão afetados.
Pescadores
Um dos maiores prejudicados, os pescadores artesanais, que estiveram presentes na audiência, relataram as dificuldades que estão enfrentando com as substâncias tóxicas presentes no petróleo.
“Os impactos desse petróleo, que não é óleo, vêm para contaminar a natureza que somos nós pescadores. Os primeiros corpos expostos neste crime ambiental foram dos pescadores. Esses impactos, que são um crime, paralisaram as nossas vidas, não estamos conseguindo pescar e não estamos conseguindo vender o que já pescamos. As contas não param de chegar e a barriga não espera, nem as nossas nem as dos nossos filhos e netos”, lamentou Raimundo Siri, pescador artesanal da Cova da Onça no Sul da Bahia.
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Lorena Vale