Dallagnol foi desmascarado e precisa responder pelos crimes que cometeu

Diante das novas divulgações da Vaza Jato nesta terça-feira (6), revelando que procuradores da Operação Lava Jato em Curitiba fizeram um esforço de coleta de dados e informações sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, com o objetivo de pedir sua suspeição e até seu impeachment, numa ação completamente ilegal, o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), afirmou que procurador Deltan Dallagnol é um “criminoso” e deve não só ser imediatamente afastado da Lava Jato como da Procuradoria-Geral da República, e julgado pelos crimes que cometeu.

Na avaliação do líder Pimenta, as revelações mostram uma ação criminosa que impede que Deltan Dallagnol e sua “gangue” permaneçam e continuem cometendo os crimes que cometeram. “Ele não pode passar impune, porque sob o pretexto de combater a corrupção ele articulou, de maneira perversa, uma organização criminosa. É nisso que a Lava Jato, infelizmente, se transformou”, lamentou Pimenta. O líder completou afirmando que Dallagnol e seus parceiros, com a proteção do então juiz Sérgio Moro, agiu para que Bolsonaro virasse presidente, e Moro ministro da Justiça. “É triste, mas é verdade. Dallagnol foi desmascarado e precisa responder pelos crimes que cometeu”, reforçou.

Em parceria com o The Intercept Brasil, o portal El País Brasil revela hoje (6) que liderados por Dallagnol, coordenador da força-tarefa, procuradores e assistentes se mobilizaram para apurar decisões e acórdãos do magistrado para embasar sua ofensiva, mas foram ainda além. Planejaram acionar investigadores na Suíça para tentar reunir munição contra o ministro Gilmar Mendes, mesmo sabendo que apurar fatos ligados a um integrante da Corte superior extrapolasse suas competências constitucionais. A estratégia contra Gilmar Mendes foi discutida ao longo de meses em conversas de integrantes da força-tarefa pelo aplicativo Telegram enviadas ao The Intercept por uma fonte anônima e analisadas em conjunto com o El País.

Em vídeo divulgado em sua rede social, Paulo Pimenta se dirigiu a advogados, estudantes de Direito, bacharéis e a todos os defensores do Estado Democrático de Direito para saber se um procurador de primeira instância pode investigar um ministro da Suprema Corte. “Pode, na nossa legislação, procuradores federais se organizarem de modo a investigar boatos a respeito de ministros da Suprema Corte com o objetivo de criar as condições políticas para um eventual pedido de impeachment de um integrante da Suprema Corte?”, indagou.

Pimenta perguntou ainda se é lícito que procuradores federais de primeira instância se associem de maneira irregular, informal, a procuradores da Suíça, para, em processos e inquéritos em andamento, tentar achar alguma coisa que possa incriminar ou justificar uma investigação de familiares ou de integrantes da Suprema Corte.

Veja o vídeo de Paulo Pimenta:

 

 

Segurança Jurídica

O líder mesmo respondeu lembrando que isso é crime. “Quando nós denunciamos o doutor Deltan Dallagnol e os chamados ‘golden boys’, os procuradores federais da Lava Jato, nós não denunciamos em função de uma ou outra pessoa. Nós denunciamos isso em função da segurança jurídica de um País”. Pimenta explicou que em um País, quando parte do Judiciário e do Ministério Público é tomada de assalto, para que essas instituições funcionem como órgãos de “perseguição a adversários políticos e de proteção a eventuais aliados”, é um país que não consegue crescer, que não consegue se desenvolver, que não gera emprego, porque não tem segurança jurídica.

Na avaliação do líder Pimenta, a Lava Jato produziu um estrago para o Brasil. Ajudou a atingir gravemente a Petrobras, quebrou a nossa engenharia, prejudicou o País deixando milhares de pessoas desempregadas. “E tudo isso em busca de quê? O doutor Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro agiram como representantes de quais interesses? Dos interesses brasileiros? Evidentemente que não! Dos interesses americanos e das multinacionais, com certeza!”, protestou.

No Twitter

Vários parlamentares da Bancada do PT também utilizaram suas redes para condenar mais essa ação ilegal do coordenador da Lava Jato. “Mais uma revelação da Vaza Jato, desta vez no El País, mostra que procuradores de Curitiba tentaram investigar outro ministro do STF. Gostaria de saber o que a chefe do Ministério Público, Raquel Dodge, e o Conselho Nacional de Justiça do Ministério Público (CNMP) estão esperando para afastar Dallagnol”, cobrou a deputada Gleisi Hoffmann (PR), em sua conta no Twitter.

O deputado José Guimarães (PT-CE) analisou que o cerco vai se fechando pelo mundo a fora contra os que praticaram “delitos” no comando da Vaza Jato. E a deputada Natália Bonavides (PT-RN) frisou: “Tudo que é sólido se desmancha no ar. Agora é o El País que produz mais uma reportagem da Vaza Jato A cada dia só confirma que o sistema acusatório brasileiro é uma ficção”.

E a deputada Margarida Salomão (PT-MG) considerou que pelas revelações “temos a clara tentativa de utilizar uma ‘brecha’ legal para empreender a perseguição”. Ela citou que Gilmar Mendes nunca foi acusado de nada. “Mas um boato serve como desculpa para a investida contra ele. E sabemos que a motivação não era fazer justiça, mas sim tirá-lo do caminho da Lava Jato”. A deputada afirmou que a Lava Jato de Curitiba tornou-se uma espécie de polícia política, motivada por eliminar seus inimigos políticos”.

Quadrilha de procuradores

O deputado Jorge Solla (PT-BA) ironizou questionando para que inquérito? “Lava Jato investigava, com colaboração internacional, todos aqueles que representavam uma ameaça ao seu projeto de poder. Tudo ao arrepio da lei. Formou-se uma quadrilha de procuradores arapongas”, acusou. Ele ainda comentou sobre a reação de Gilmar Mendes que afirmou que não se surpreenderia se eles (procuradores da Lava Jato) tivessem aberto um cartão em seu nome na Suíça. “Se te não surpreenderia que eles tivessem aberto um cartão em seu nome, Gilmar, também não é de surpreender que eles forjaram uma falsa denúncia de um tríplex que Lula nunca foi dono, apenas para tirá-lo das urnas, da política”, provocou.

E ao comentar o caso, o deputado Bohn Gass (PT-RS) destacou uma acusação “gravíssima” feita por Dallagnol à sua chefe, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em julho de 2018. “O procurador afirmou que Dodge não confronta o ministro Gilmar Mendes porque quer uma cadeira do STF. Ele [Dallagnol] a está chamando de carreirista, ofendendo a própria instituição. E aí?”, indagou na sua rede social.

Vânia Rodrigues

 

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