A Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (10), o texto base da Reforma da Previdência. Foram 379 votos favoráveis contra 131. O governo, mais uma vez, manobrou e passou o rolo compressor para aprovar a matéria. Exonerou ministros que são deputados para aumentar o quórum e liberou dinheiro para os aliados. Uma compra de votos descarada ao estilo do toma lá dá cá.
Esta é única pauta do governo. Pauta do sistema financeiro, diga-se de passagem. A mídia conservadora não fala de outra coisa. Leva terror aos brasileiros, alarmando a população de que o país está no fundo do poço. Além de repetir dia e noite que a reforma vai salvar o Brasil.
A aprovação foi comemorada, infelizmente. É preciso colocar os pontos no “is.” Se a Previdência está com algum déficit, neste momento, é por causa da queda na arrecadação. E como se faz arrecadação da Previdência? Com geração de empregos e com a recuperação da atividade econômica. Desde 2014, com o golpe, a economia está estagnada e o desemprego vem subindo. Muitos brasileiros foram para a informalidade. Tudo isso faz cair a arrecadação da Previdência.
A Reforma em si não resolve o problema do déficit. Ela vai gerar mais déficit ainda. A receita está errada. Não vai salvar o paciente. Vai matá-lo!
A reforma do jeito que está não é reforma, mas um ajuste fiscal violento. Pretende economizar 1 trilhão de reais. E sabe de onde vai sair esta receita? Dos próprios aposentados e pensionistas que recebem até dois salários mínimos. Quem vai ganhar e lucrar com isso? Os bancos e o sistema financeiro. Daí o gasto milionário com propaganda dia e noite para manipular a opinião pública.
O que pode salvar o País e melhorar a qualidade da população é o investimento público; o acesso ao crédito; investimentos em infraestrutura; moradia; saneamento e tantas outras demandas. Não é tirando dos pobres, das famílias e nem reduzindo o consumo que o país vai melhorar. É o contrário. No dicionário deste governo e da equipe econômica não existe a palavra desenvolvimento, investimento, geração de empregos. Só existem cortes, ajustes, retirada de direitos. O governo é uma agência do mercado financeiro.
Padre João é deputado federal (PT-MG)
Foto: Gabriel Paiva