O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), conclamou nesta quinta-feira (11) parlamentares da bancada evangélica a votarem com a oposição para diminuir os danos “aos pobres e humildes” previstos na Reforma da Previdência (PEC 6/19), cujo texto principal foi aprovado na quarta-feira (10). “Considero ser difícil para a bancada de apoio ao governo Bolsonaro se submeter a votar em propostas que tiram direitos de pobres, humildes, viúvas, pensionistas e órfãos”, disse o líder.
Ao se dirigir às bancadas cristãs, Pimenta citou a passagem bíblica em Cartas de Tiago (2. 14 a 26) segundo a qual a fé sem obras é morta. “O homem ou a mulher que atua na vida pública se revela o que é não pelo que diz, mas pelo que faz, pelas suas atitudes, escolhas, condutas, não basta falar, é preciso agir com força e coragem”, recomendou o líder do PT.
Destruição da Previdência
Para Pimenta, os destaques e emendas que passaram a ser analisados hoje podem minimizar os danos do substitutivo do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). O texto, aprovado por 379 votos favoráveis, aumenta o tempo para se aposentar, limita o benefício à média de todos os salários e é, na prática, a destruição da Previdência pública, reduzindo drasticamente a possibilidade de os pobres se aposentarem.
Em discurso, o líder petista observou que o presidente Jair Bolsonaro, durante os 28 anos que atuou como deputado, pronunciou-se 67 vezes no Plenário da Câmara contra qualquer proposta de reforma da Previdência – e em nenhum momento tratou do tema durante a campanha eleitoral do ano passado.
“Agora, virou as costas ao passado e vendeu a alma e sua dignidade para o diabo e o mercado”, disse Pimenta. “Tornou-se garoto de recado de Paulo Guedes (ministro da Economia) e dos interesses dos Estados Unidos. Uma vergonha!”
Maldades de Bolsonaro
Na opinião de Pimenta, a votação dos destaques é um momento de reflexão dos deputados que têm compromisso com a população brasileira, a fim de reduzir “um pouco as maldades que o atual governo tem feito contra o povo”. “É preciso aprovar destaques e derrotar as maldades do governo Bolsonaro e a proposta draconiana de destruição da Previdência”, comentou Paulo Pimenta.
O petista indagou os colegas parlamentares sobre como se sentem ao votar uma matéria tão danosa à população – vendendo seus votos em troca de emendas liberadas pelo governo – enquanto continua sem esclarecimento o caso de Fabrício Queiroz, ex-motorista do atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e acusado de ser laranja da família Bolsonaro. Queiroz, desaparecido há meses, depositou dinheiro que se suspeita ter vindo do crime organizado, nas contas da primeira-dama Michele Bolsonaro.
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