Petistas lembram que conluio entre Moro e Dallagnol serve para perseguir e condenar Lula

Os vazamentos de conversas do então juiz Sérgio Moro com integrantes da força-tarefa da Lava Jato, revelados pelo The Intercept Brasil, continuam merecendo o repúdio de parlamentares da Bancada do PT, que usaram a tribuna da Câmara nesta segunda-feira (17) para pedir o afastamento do ministro Moro (Justiça) e do procurador Deltan Dallagnol. “Moro não tem defesa. O Dallagnol não tem defesa. Eles se utilizaram de cargos públicos para perseguir e condenar injustamente o ex-presidente Lula. Por isso, nós estamos aqui para dizer de forma muito clara que nós não aceitamos esse jogo de cartas marcadas”, afirmou o deputado Paulo Guedes (PT-MG).

Citando um instrumento moderno do futebol, Paulo Guedes disse que hoje há o VAR para corrigir os erros de um juiz de futebol. “Nós esperamos que o Supremo Tribunal Federal possa ser o VAR para corrigir a lambança do Sérgio Moro e do Dallagnol”, disse. Paulo Guedes ainda reforçou: “Não há defesa para o que eles fizeram. Por isso, Moro e Dallagnol, vazam enquanto é tempo”.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) também destacou a troca de mensagens entre Moro e Dallagnol. “São vários assuntos, que ao longo das próximas semanas serão desvendados, muito provavelmente, dentre outros mecanismos, através da instalação de uma CPMI no Congresso Nacional”, observou. Um dos itens que chama a atenção, segundo o deputado, são as mensagens de Dallagnol para Moro, que pedem para que ele não passe para frente, são 9 presidentes, 29 ministros, 3 secretários federais, 34 senadores, 82 deputados, 63 governadores, 17 deputados estaduais, 88 prefeitos… e Moro responde que é melhor ficar com os 30% iniciais.

“Juristas do Brasil inteiro, eu quero saber qual é o poder do Sr. Sérgio Moro, para combinar com Deltan Dallagnol quem deveria ou não ser investigado, a partir de uma delação que trouxe dados que, segundo eles, envolviam todas essas autoridades”, indagou Fontana. Ele questiona ainda onde está, no Código da Magistratura ou no Código que define a ação do Ministério Público, esse poder seletivo por meio do qual “os dois super-homens – Moro e Dallagnol – definiriam quem seria investido e quem iria para a gaveta”.

Fontana reforçou que estamos diante de um dos mais graves crimes cometidos contra a democracia brasileira, contra o papel da Justiça. “E isso deve ser investigado”, defendeu. Para o deputado, Sérgio Moro não pode usar o poder do Ministério da Justiça para abafar as investigações sobre o que está sendo divulgado nesses diálogos pelo site The Intercept.

 Semana do desmoronamento

O deputado Airton Faleiro (PT-PA), também da tribuna, disse que a última semana foi a semana do “desmoronamento” do governo. “Ela (semana) começou com o Moro desmoronando diante das notícias de que ele, como juiz, atuou de forma ilegal para prejudicar seus adversários políticos e para ajudar a eleger seus partidários. Ele (Moro) começa a desmoronar na opinião pública”.

Para além de Moro e Dallagnol, Faleiro disse que na semana de desmoronamento do governo Bolsonaro, caiu o ministro Santos Cruz, da Secretaria de Governo, o presidente do BNDES, Joaquim Levy, pediu demissão; e também foi anunciada a demissão do presidente dos Correios, general Juarez de Paula Cunha. “Há um desmoronamento do governo, e nós precisamos estar atentos porque o desmoronamento não é só político. A política econômica do País também está desmoronando, o desemprego está crescendo e o governo não apresenta uma alternativa para este País do ponto de vista da socioeconomia”, lamentou.

Faleiros concluiu com uma provocação: “Já que o presidente da República está gostando de exonerar, está na hora, antes de aumentar o desgaste, de ele exonerar o Sérgio Moro, porque ele já merece isso”.

O deputado Rui Falcão (PT-SP) manifestou preocupação com a sucessão de fatos negativos que estão marcando a semana e o País. Ele citou as demissões do primeiro escalão do governo, gravações cujo conteúdo não é desmentido, economia brasileira parada e desemprego aumentando.

“Houve também a apuração do conluio que envolve o Ministro Sérgio Moro e seus apaniguados e asseclas do Ministério Público de Curitiba, principalmente o procurador Deltan Dallagnol, que também está envolvido numa negociação estranha: a apropriação de fundos que deveriam pertencer ao Tesouro Nacional. Ele tentou criar uma sociedade específica que já foi questionada pelo Ministério Público e terá que responder por isso”, afirmou Rui Falcão.

Vânia Rodrigues

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