Ministro da Educação é convocado para explicar, na Câmara, os cortes orçamentários para a educação 

Em resposta aos cortes orçamentários da educação pública brasileira, parlamentares da oposição, com apoio de deputados do Centrão, aprovaram nesta terça-feira (14) a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para explicar à Casa, o bloqueio das verbas para universidades públicas e institutos federais. Weintraub será ouvido no plenário, em comissão geral, às 15h, no mesmo dia em que estudantes, professores, pais e trabalhadores do setor educacional estarão protestando nas ruas do Brasil, nesta quarta-feira (15), contra o desmonte da educação pública brasileira.

O líder da Bancada do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), ao defender a convocação do ministro, destacou a desarticulação do governo. “Estamos vivendo o inusitado: votando a convocação de um ministro sem um líder do governo em Plenário. Esse é um governo desorganizado, que não fala com ninguém, que não tem liderança, que mergulha o País no caos. Ele (ministro) tem que vir aqui sim, afirmou. Pimenta ainda ironizou: “A nova política deve ser isso”.

Na avaliação da deputada Maria do Rosário (PT-RS), com a aprovação da convocação do ministro, a Câmara dá dois símbolos ao Brasil: “o primeiro de que nós temos autonomia como Parlamento, e o segundo de que estamos preocupados com o que verdadeiramente interessa, porque, pela educação, passa a soberania do Brasil, passa a democracia, passam os direitos do nosso povo, passa a ciência, a tecnologia, a juventude, cada geração”, destacou.

Maria do Rosário ainda pediu: “Por favor, que os ministros e as autoridades educacionais nunca mais coloquem em oposição a educação básica e o ensino superior, porque todas as esferas da educação se complementam, todas são importantes”. Ela se refere à justificativa do ministro Weintraub de que os cortes dos recursos das universidades são para contemplar a educação básica.

Ministro que não defende a educação

O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) observa que é importante e necessária essa convocação do ministro da Educação. “Até mesmo porque hoje, na Comissão de Orçamento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, questionado sobre os cortes na educação, disse que alguns ministros brigam mais e acabam ficando com uma parte maior do bolo”. Zeca Dirceu completou que um país que tem um ministro da Educação que não briga pela educação, que não defende o orçamento da educação, na verdade, “é um país que não tem ministro da Educação!”

Zeca Dirceu reafirmou que o ministro vai ter que vir aqui não só para explicar os cortes e as falas preconceituosas que tem proferido contra as universidades. “Mas também vai ter que vir aqui para assumir uma postura de defesa da educação dentro do próprio governo federal. Vai ter que vir aqui para pedir desculpas às universidades, aos professores, aos alunos, e não pelos cortes apenas, mas também pelas palavras preconceituosas e pelos ataques desnecessários”, frisou.

Além de defender a convocação do ministro, o deputado Carlos Veras (PT-PE) enfatizou que amanhã é dia de todos ocuparem as ruas em defesa da educação. “Vamos ocupar as ruas em defesa da educação pública, em defesa dos estudantes, dos pais de estudantes, dos professores. Ocupem as ruas, porque amanhã nós vamos estar aqui fazendo a nossa parte. Há resistência nesta Casa. É o povo na rua, e a gente aqui, nesta Casa, com o ministro da Educação, para que ele responda sobre a agressão à educação neste País”, afirmou.

O deputado Célio Moura (PT-TO) disse que não dá para ficar calado “quando um presidente da República, que não tem compromisso com a educação pública, faz um corte criminoso contra as universidades!” E completou: “É lamentável que esse presidente queira tirar da universidade os filhos dos pobres, por isso apoiamos a luta nas ruas e vamos cobrar explicações do ministro sobre esse corte criminoso que foi feito contra as universidades e institutos federais”.

Para o deputado Joseildo Ramos (PT-BA) “só um governo fascista, que arbitrariamente não tolera a crítica, o conhecimento universitário, a ciência, bloqueia todas as bolsas de mestrado, de doutorado e pós-doutorado em um País como o Brasil”. Por isso, segundo o deputado, o Brasil amanhã terá um dia diferente, com professores e estudantes nas ruas, em resposta ao “desatino do governo Bolsonaro”.

Os deputados Alexandre Padilha (PT-SP), Frei Anastácio (PT-PB), Benedita da Silva (PT-RJ), Bohn Gass (PT-RS), Assis Carvalho (PT-PI), Erika Kokay (PT-DF) e Afonso Florence (PT-BA) também defenderam em plenário a convocação do ministro da Educação e se solidarizaram com os estudantes e professores que farão o Dia Nacional em Defesa da Educação, nesta quarta-feira.

Vânia Rodrigues

 

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