Paulo Teixeira quer ação por improbidade contra general Heleno

O deputado Paulo Teixeira (SP), vice-líder do PT na Câmara dos Deputados, anunciou nesta segunda-feira (11) que vai acionar judicialmente o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno por improbidade administrativa. O parlamentar considera criminosa a confissão do militar, que declarou ao Estadão que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vem monitorando cardeais brasileiros como estratégia para neutralizar eventuais críticas ao governo Bolsonaro. “É criminoso o monitoramento das reuniões dos cardeais brasileiros, porque nada justifica a espionagem política”, criticou o parlamentar.

“O general está utilizando servidores públicos para espionagem com finalidades político-ideológicas”, apontou Paulo Teixeira. “Vou convocá-lo para que ele se explique (perante o Congresso Nacional)”. Segundo reportagem do Estadão, publicada no domingo, 10, a Abin estaria espionando cardeais brasileiros para deter uma articulação no Vaticano em torno de uma suposta “agenda progressista”. O militar disse que o Vaticano estaria promovendo interferência em assuntos internos do Brasil e que isso seria uma violação da soberania nacional.

Os cardeais estão sob suspeita do governo Bolsonaro porque vêm promovendo uma discussão na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para o Sínodo sobre Amazônia, que reunirá em Roma, no mês de outubro, todos os bispos do mundo. Durante 23 dias, o Vaticano discutirá a situação da Amazônia e pretende tratar de temas que são considerados pelo governo brasileiro como uma “agenda da esquerda”.

 

Escalada autoritária

Paulo Teixeira não poupou críticas ao governo Bolsonaro pela “escalada autoritária”, no esforço de usar as forças da polícia para intimidar dissidentes e impor um Estado de Exceção no País. O deputado cita como exemplos, além do episódio de espionagem das reuniões da CNBB pela Abin, a iniciativa da Receita Federal de investigar a vida fiscal do ministro Gilmar Mendes, membro do Supremo Tribunal Federal, e o pacote legislativo do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que endurece penas e amplia o armamento da população.

Escritórios da Abin em Manaus, Belém, Marabá, no sudoeste paraense (epicentro de conflitos agrários), e Boa Vista (que monitoram a presença de estrangeiros nas terras indígenas ianomâmi e Raposa Serra do Sol) estão sendo mobilizados para acompanhar reuniões preparatórias para o Sínodo em paróquias e dioceses.

O general Heleno afirmou ao Estadão que há “preocupação” do Palácio do Planalto com as reuniões e os encontros preparatórios do Sínodo sobre a Amazônia. “Há muito tempo existe influência da Igreja e ONGs na floresta”, disse. Ele criticou a atuação da Igreja: “O trabalho do governo de neutralizar impactos do encontro vai apenas fortalecer a soberania brasileira e impedir que interesses estranhos acabem prevalecendo na Amazônia. Vamos entrar a fundo nisso.”

 

Assessoria de Comunicação

 

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