O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), a presidenta nacional do PT e senadora Gleisi Hoffmann (PR), a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), e os deputados federais eleitos Rogério Correia e Paulo Guedes, ambos do PT de Minas Gerais, visitaram nesta segunda-feira (28) o local mais afetado pela tragédia de Brumadinho, na Mina do Feijão. Na área coberta pela lama, os parlamentares acompanharam o trabalho das equipes de resgate e verificaram a extensão do desastre. Além de cobrar a punição da Vale, responsável pela barragem rompida, os deputados ainda defenderam a instalação de uma CPI para apurar o crime ocorrido em Brumadinho.
No local onde antes da tragédia estava parte da sede administrativa da Vale, e também o refeitório onde centenas de desaparecidos almoçavam no momento do rompimento da barragem, Pimenta relatou que moradores da região informam que pode haver até 18 metros de lama. Em meio ao barulho dos helicópteros de resgate, em vídeo postado nas redes sociais, o líder petista disse que “as imagens são impressionantes”. “Somente estando aqui para ter dimensão do tamanho dessa tragédia. Não podemos aceitar a impunidade. A Vale do Rio Doce não pode sair impune desse crime. Essa lógica do lucro a qualquer custo, em que a vida não tem valor, não pode imperar”, ressaltou.
Ainda de acordo com Paulo Pimenta, a tragédia de Brumadinho pode se configurar entre os piores acidentes de trabalho da história. Ele disse ainda que “é quase inacreditável que um refeitório e uma sede administrativa estivesse abaixo da linha da barragem”. “Temos que fazer uma CPI das Mineradoras, porque isto aqui não foi acidente natural, isso foi um crime. O que ocorreu aqui é fruto de um modelo de sociedade onde a vida não tem valor, onde se persegue o lucro a qualquer custo”, lamentou.
Outras barragens podem romper
Já a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, ao também lamentar a tragédia ressaltou que é preciso providências imediatas para que novos desastres sejam evitados. “Uma das coisas que também nos preocupa neste momento é que essa tragédia pode ocorrer em maior número em Minas Gerais. Um relatório mostra que cerca de 50 barragens oferecem risco de romper, e a de Brumadinho nem mesmo estava nesta relação. Por isso é importante a CPI na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e no Congresso para verificar essa situação, saber o que está acontecendo, e para responsabilizar a empresa por isso”, cobrou.
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) também participou da visita ao local da tragédia. E cobrou: “A indignação é imensa. O cenário é desolador. É inadmissível que se tenha construído ao pé dessa barragem a área administrativa e o refeitório. Isso demonstra uma negligência com a segurança no trabalho que envergonha os brasileiros. É necessário apontar o dedo na direção certa: da ganância, do corte de custos da empresa, da negligência com o trabalhador, com o ambiente e com as populações. O resultado é esse: perda de vidas e a destruição”, afirmou a deputada.
A parlamentar defende a instauração de uma CPI e que seja revisto o marco regulatório da mineração, de forma a modernizar a legislação. A intenção é que a atividade seja praticada com segurança ambiental e respeito à vida, tanto de quem reside na região quanto de quem trabalha diretamente na exploração mineral. Além disso, a deputada também cobra a reparação. “Este foi o maior acidente de trabalho da história do Brasil e os municípios estão destroçados”, ressaltou, lembrando que, além das vidas perdidas e dos danos ambientais, o acidente também tem impacto direto nas atividades econômicas das cidades.
Sobre o rompimento da barragem em Brumadinho, o deputado federal eleito Rogério Correia disse que a Vale é diretamente responsável pela tragédia. “Fui o relator da Comissão da Assembleia Legislativa de Minas Gerais que acompanhou o desastre de Mariana, um crime da Vale. E agora a Vale comete o mesmo crime, com o mesmo tipo de barragem. A CPI é necessária para saber o que eles aprontaram”, ressaltou.
O deputado explicou que esse tipo de tragédia ocorre pela fragilidade da barragem, denominada montante. Segundo ele, essa barragem é mais barata porque os próprios rejeitos de minério são utilizados como dique de retenção. “A própria pressão da água faz os diques romperem. Aqui em Brumadinho não foi diferente. Ao se fazer a averiguação do que ocorreu vai se perceber que a Vale teve o lucro (com exploração de minérios) e abandonou a barragem à própria sorte, como uma bomba relógio pronta para explodir”, explicou.
Ao também lamentar as mortes já confirmadas e o alto número de pessoas ainda desaparecidas, o também deputado federal eleito Paulo Guedes (PT-MG) igualmente expressou preocupação com as consequências futuras da tragédia. “Também nos preocupamos com a poluição das águas, dos mananciais, principalmente com o Rio Paraopebas, que é afluente do Rio São Francisco, e as consequências desse desastre para os povos ribeirinhos”, destacou.
Héber Carvalho